“Então minha luta é conspiração? Então não existe estupro de crianças?”
uma análise dos atravessamentos de raça e gênero na postura do Ministério dos Direitos Humanos, na midiatização do caso da criança de São Mateus
DOI:
https://doi.org/10.36517/psg.v15i2%20especial.94439Resumo
Este artigo tem como foco a midiatização do caso da menina de dez anos, moradora de São Mateus-ES, que foi estuprada e engravidada pelo tio, em agosto de 2020. Nosso objetivo é compreender como as dimensões de raça e gênero se apresentaram na postura do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), durante o acontecimento. A partir de uma abordagem metodológica inspirada no paradigma indiciário (Braga, 2008), em nossas análises, foi possível identificar como os agentes do Ministério prescreveram uma visão de vigilância dos corpos, fixando a menina num lugar de subalternidade e mobilizando um conjunto de discursos e ações que estabelece uma visão racista e sexista (Gonzalez, 1988) sobre o corpo da criança de São Mateus. Concluímos que o Estado, por meio das práticas do MMFDH, colaborou para perpetuar culturas de dominação, incentivando o racismo capitalista cisheteropatriarcal (hooks, 2019) e negando sua identidade infantil, ao demonstrar preocupação apenas com o feto e se desresponsabilizar com a menina viva que estava ali, com seu corpo, tendo sua existência, mais uma vez, desumanizada e vilipendiada.
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