“Então minha luta é conspiração? Então não existe estupro de crianças?”

uma análise dos atravessamentos de raça e gênero na postura do Ministério dos Direitos Humanos, na midiatização do caso da criança de São Mateus

Autores

  • Abraão Filipe Marques de Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais
  • Maria Simone Euclides Universidade Federal de Viçosa
  • Rennan Lanna Martins Mafra Universidade Federal de Viçosa
  • Maria Fernanda de Oliveira Ruas Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.36517/psg.v15i2%20especial.94439

Resumo

Este artigo tem como foco a midiatização do caso da menina de dez anos, moradora de São Mateus-ES, que foi estuprada e engravidada pelo tio, em agosto de 2020. Nosso objetivo é compreender como as dimensões de raça e gênero se apresentaram na postura do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), durante o acontecimento. A partir de uma abordagem metodológica inspirada no paradigma indiciário (Braga, 2008), em nossas análises, foi possível identificar como os agentes do Ministério prescreveram uma visão de vigilância dos corpos, fixando a menina num lugar de subalternidade e mobilizando um conjunto de discursos e ações que estabelece uma visão racista e sexista (Gonzalez, 1988) sobre o corpo da criança de São Mateus. Concluímos que o Estado, por meio das práticas do MMFDH, colaborou para perpetuar culturas de dominação, incentivando o racismo capitalista cisheteropatriarcal (hooks, 2019) e negando sua identidade infantil, ao demonstrar preocupação apenas com o feto e se desresponsabilizar com a menina viva que estava ali, com seu corpo, tendo sua existência, mais uma vez, desumanizada e vilipendiada.

Biografia do Autor

Abraão Filipe Marques de Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestrando em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, na linha de pesquisa Comunicação, territorialidades e vulnerabilidades, como bolsista temporário Capes/Proex. Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo, pela Universidade Federal de Viçosa.

Maria Simone Euclides, Universidade Federal de Viçosa

Professora Adjunta no Curso de Licenciatura em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa e Professora Orientadora no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da mesma instituição. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Mestra em Extensão Rural e Pedagoga pela Universidade Federal de Viçosa. Líder do Grupo de Pesquisa Educação Gênero e Raça (EDUCAGERA).

Rennan Lanna Martins Mafra, Universidade Federal de Viçosa

Professor Associado no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa e credenciado como docente colaborador no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutor e mestre em Comunicação, na área de concentração Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, e graduado em Comunicação Social, habilitação Relações Públicas, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto. Coordenador do Pólen - Laboratório de Experimentação em Comunicação e Organizações e co-líder do DIZ - Grupo de Pesquisa em Discursos e Estéticas da Diferença.

Maria Fernanda de Oliveira Ruas, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestranda em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, na linha de pesquisa Comunicação, territorialidades e vulnerabilidades, como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharela em Comunicação Social/Jornalismo, pela Universidade Federal de Viçosa.

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Publicado

2024-11-24

Como Citar

Oliveira, A. F. M. de, Euclides, M. S., Mafra, R. L. M., & Ruas, M. F. de O. (2024). “Então minha luta é conspiração? Então não existe estupro de crianças?”: uma análise dos atravessamentos de raça e gênero na postura do Ministério dos Direitos Humanos, na midiatização do caso da criança de São Mateus. Passagens: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Da Universidade Federal Do Ceará, 15(2 especial), 10–36. https://doi.org/10.36517/psg.v15i2 especial.94439

Edição

Seção

Dossiê Identidades infantis e juvenis na cultura digital