Navigating in a context of exclusion

The roles social media play in the lives of teenagers placed in institutional care in Brazil

Autores

  • André Cardozo Sarli Universidade de Genebra

DOI:

https://doi.org/10.36517/psg.v15i2%20especial.94467

Resumo

No Brasil, existem mais de 30.000 crianças e adolescentes em instituições de acolhimento, e as razões para suas colocações variam desde abuso, negligência, violência, órfãos, situações de rua, entre outras. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que violações de seus direitos são motivo para intervenção do Estado, e o acolhimento em abrigos é a medida mais extrema, resultando na remoção desses sujeitos da convivência com suas famílias, amigos e comunidades. Devido à vulnerabilidade de suas circunstâncias, os adolescentes precisam navegar um complexo contexto de exclusão no qual estão inseridos: não apenas devido a características pessoais, como cor da pele, saúde, integridade física e dependência, mas também aquelas decorrentes da exclusão social - como desigualdade, pobreza, vínculos com cartéis de drogas e a razão de sua colocação, emergindo de sua situação de morar em um abrigo e ser afastado da família, e a amalgamação de todos os contextos individuais de exclusão que afetam o conjunto do abrigo. Nessas circunstâncias, é importante também destacar que a vida em abrigos pode ser comum e alegre, e eles são adolescentes como os outros, que brincam, saem, praticam esportes e gostam de usar a Internet e as redes sociais. Nesta tese, busco entender quais são os papéis das mídias sociais na vida dos adolescentes em seu contexto de exclusão, e como essa interação influencia dois direitos relacionados à sua situação: acesso à Internet e convivência familiar e comunitária. Para isso, utilizei uma metodologia composta por uma trajetória indutiva-dedutiva, com entrevistas com 61 adolescentes e 27 funcionários em 14 instituições diferentes em 7 cidades e em todas as 5 regiões do Brasil. Dada a escassez de dados comparativos, procurei explorar esse fenômeno com a abordagem do script de Akrich (1987), a narrativa reflexiva do self de Giddens (1991) e a abordagem dos “direitos vivos” de Hanson & Nieuwenhuys (2013). Os papéis das redes sociais identificados são múltiplos e subjetivos: as instituições as problematizam e definem por meio de termos como "problema", "incômodo", "obstáculo" ou "oportunidade" e "um direito". Há dois perfis distintos: restritivo (nove abrigos) ou permissivo (cinco abrigos). O uso das redes pelos adolescentes tem muitos mais nuances e mostra que eles desempenham papéis como se empoderar, lidar com seus traumas, ter esperança e sobreviver, em uma nota geral em que buscam dar alguma normalidade às suas vidas, buscar estabilidade e assumir o controle de suas narrativas. No entanto, os designers de mídias sociais também desempenham um papel, incentivando constantemente os usuários a se envolverem e compartilharem informações com outros, e essas “prescrições” têm a função latente de revelar certas dinâmicas da vida nos abrigos. Todos esses papéis interagem e, ao reforçar a exclusão dos adolescentes, também permitem que eles se apropriem dela, por exemplo, para exercerem o direito de acesso à Internet e à convivência familiar e comunitária, usando conceitos mais abstratos, como a reconstrução de suas identidades, o desejo de conexão e o vínculo com seus entes queridos perdidos. No geral, levando em consideração como os adolescentes mostram uma ontologia de protagonista, essa apropriação revela o papel mais importante: o de navegar em seu contexto de exclusão.

Biografia do Autor

André Cardozo Sarli, Universidade de Genebra

Doutor em Sociologia pela Universidade de Genebra, Mestre em Direito Internacional pelo Graduate Institute de Genebra.

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Publicado

2024-11-24

Como Citar

Sarli, A. C. (2024). Navigating in a context of exclusion: The roles social media play in the lives of teenagers placed in institutional care in Brazil. Passagens: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Da Universidade Federal Do Ceará, 15(2 especial), 162–164. https://doi.org/10.36517/psg.v15i2 especial.94467