“Acima de tudo, eu me acho bonita”: a estética no envelhecer de mulheres negras // “Above all, I think I’m beautiful”: aesthetics in the aging of black women

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024021

Mots-clés :

Estética, Mulheres, pessoas negras, Envelhecimento

Résumé

A colonização classificou raças, também, a partir do corpo e da estética. Ao longo dos séculos, a estética negra foi desvalorizada, implicando sofrimentos psíquicos especialmente entre mulheres negras. Contudo, a literatura sobre o tema está majoritariamente circunscrita à população infantil, adolescente e adulta, apontando para uma lacuna na compreensão do diálogo entre estética, negritude e velhice. O objetivo do presente estudo foi analisar a forma como mulheres negras idosas atribuem significados à sua estética. Para isso, foram entrevistadas 11 mulheres negras residentes do Distrito Federal, de idades variadas entre 61 e 84 anos, sendo a média igual a 68,5 anos. Os trechos foram analisados sob a ótica da Análise do Discurso, originando duas categorias para a apresentação e discussão dos resultados: (1) a fuga da estética negra como tentativa de ascensão social: memórias da juventude; e (2) a velhice como momento de cura: a remediação de feridas estéticas coloniais. Notou-se que as percepções das participantes sobre a própria estética se modificaram com o tempo, apontando para a velhice enquanto um período de ressignificações de vivências, mediadas pelo contato constante com o contexto sócio-histórico onde o indivíduo se insere.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Polliana Teixeira Da Silva, Universidade de Bra´silia

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar da Universidade de Brasília (PGPDE-UnB). Mestre em Psicologia do Desenvolvimento pelo PGPDE-UnB. Psicóloga, Bacharela e Licenciada em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Psicologia Clínica pela PUC-RS. Pós-graduada em Direitos Humanos e Questão Social pela PUC-PR. Formada em Psicologia Clínica na Abordagem Gestáltica pelo Instituto de Gestalt-Terapia de Brasília (IGTB). Membro do Laboratório de Novas Epistemologias e Desenvolvimento Humano (LabNEDH-UnB) e do Grupo de Pesquisa em Psicogerontologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), vinculado ao CNPq. É professora colaboradora da Universidade do Envelhecer (UniSER-UnB). Possui interesse em processos interseccionais de desenvolvimento humano, envelhecimento, cultura, relações raciais e de gênero. Tem experiência na área da docência, construção e avaliação de conhecimento científico, no contexto clínico e escolar.

Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione, Universidade de Brasília

Psicóloga, Neuropsicóloga e Docente. Possui graduação em Licenciatura Plena (2004) e Formação em Psicologia (2005) pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Neuropsicologia pelo IPAF (2007). Mestre em Cognição e Neurociências pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília(2010). Doutora em Cognição e Neurociências do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília (2014). Realizou seu estágio sanduíche do doutorado no "Centre de Recherche DInstitut Universitaire de Gériatrie de Montréal" na Université de Montréal, CANADÁ. Especialista em Gerontologia (2021) pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Realização de Pós-doutorado na Université Paris Cite (2023-2024). Atualmente é Professora no Instituto de Psicologia, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar (PGPDE) e uma das coordenadoras do Laboratório de Novas Epistemologias e Desenvolvimento Humano - LabNEDH pela Universidade de Brasília. Líder do grupo Neurociências e Cognição em idosos - NeuroCog-Idoso pelo CNPq, e participante do grupo de Pesquisa Envelhecimento Ativo e Qualidade de Vida - EQUAVI pela UCB, do GT Psicologia cognitiva básica e aplicada: intersecções e implicações da ANPEPP, e do Grupo de Pesquisa Envelhecimento 2.0 (Brasil). Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia - SBP. Membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG. Embaixadora do Aging 2.0,CHAPTER Brasília, Brasil.

Références

Abramowicz, A., Rodrigues, T. C., & Cruz, A. C. J. (2012). As creches e a iniciação e as relações étnico-raciais. In A. F. Vaz, & C. M. Momm (Eds.), Educação infantil e sociedade: questões contemporâneas. Nova Petrópolis: Nova Harmonia.

Alves, C. O., Jesus, S. M., & Murta, S. G. (2022). Mecanismos de empoderamento de mulheres negras: um estudo qualitativo. Revista de Psicologia, 13(2), 168–183. doi: 10.36517/10.36517/revpsiufc.13.2.2022.12

Ambrosio, L. (2020). Raça, gênero e sexualidade: uma perspectiva da terapia ocupacional para as corporeidades dos jovens periféricos. (Dissertação de Mestrado em Terapia Ocupacional). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

Ambrosio, L., Fonseca, L. G., Andrade, A. B. F., Sousa, D. P., & Silva, C. R. (2022). Cabelos crespos, tranças e black power: reflexões sobre o adoecimento de mulheres negras, autoestima e empoderamento. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/As Negros/As (ABPN), 14(39), 453–477.

Araújo, C. M., Oliveira, M. C. S. L., & Rossato, M. (2017). O sujeito na pesquisa qualitativa: desafios da investigação dos processos de desenvolvimento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 33. doi: 10.1590/0102.3772e33316

Bernardo, L. D., & Carvalho, C. R. A. (2020). O papel do engajamento cultural para idosos: uma revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 23(6), 1–13.

Braga, A. (2021). História da beleza negra no Brasil: discursos, corpos e práticas. São Paulo: EdUFSCar.

Botelho, B. H. F., & Costa, M. M. M. (2022). Mulher e negra: dupla vulnerabilidade para o mercado de trabalho? Revista Direito e Justiça: Reflexões Sociojurídicas, 22(42), 183–197.

Caregnato, R. C. A., & Mutti, R. (2006). Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. Texto & Contexto-Enfermagem, 15. doi: 10.1590/S0104-07072006000400017

Carneiro, S. (2011). Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro.

Carone, I. (2014). Breve histórico de uma pesquisa psicossocial sobre a questão racial brasileira. In I. Carone, & M. A. S. Bento (Orgs.), Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil (pp. 13-24). Petrópolis: Vozes.

Fanon, F. (2020). Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu.

Fernandes, E. G. (2018). A cor do amor: o racismo nas vivências amorosas de mulheres negras. (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho.

Gao, I. (2021). Social Policies for Older Indigenous People in Taiwan. Gerontologia, 35(3), 310–313.

Gobbo, J. P., & Dellazzana-Zanon, L. (2023). Sentido na Vida na Adultez Emergente: Contribuições para a Psicologia do Desenvolvimento. Revista Subjetividades, 23(2), 1–12.

Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar.

Hooks, B. (1995). Intelectuais negras. Estudos Feministas, 3(2), 464–478.

Hooks, B. (2019). Olhares Negros: raça e representação. São Paulo: Elefante.

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação. Rio de Janeiro: Cobogó.

Maia, M. N., Neto (2022). E quando contarmos nossas histórias? Relatos em uma formação racista. Revista de Psicologia, 13(2), 80–90.

Maia, E. M. C., & Ferreira, C. L. (2011). Envelhecimento e desafios adaptativos: a resiliência e os mecanismos de proteção como mediadores nesse processo. In D. V. S. Falcão, & L. F. Araújo, Psicologia do Envelhecimento: relações sociais, bem-estar subjetivo e atuação profissional e contextos diferenciados (2a. ed., pp. 119-136). Campinas: Alínea.

Martins, T. V., Lima, T. J. S. D., & Santos, W. S. (2020). O efeito das microagressões raciais de gênero na saúde mental de mulheres negras. Ciência & Saúde Coletiva, 25, 2793–2802.

Mizael, T. M., Barrozo, S. C. V., & Hunziker, M. H. L. (2021). Solidão da mulher negra: uma revisão da literatura. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), 13(38), 212–239.

Nascimento, A. (2020). O Genocídio do Negro Brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado. São Paulo: Perspectiva.

Nascimento, B. (2021). Uma história feita por mãos negras. Rio de Janeiro: Zahar.

Neri, A. L. (2012). Paradigmas contemporâneos sobre o desenvolvimento humano em Psicologia e em Sociologia. In A. L. Neri (Org.), Desenvolvimento e Envelhecimento: Perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas (5a. ed., pp. 11-34). Campinas: Papirus.

Neri, A. L. (2013). Conceitos e teorias sobre o envelhecimento. In L. F. Malloy-Diniz, D. Fuentes, & R. M. Cosenza (Orgs.), Neuropsicologia do Envelhecimento: uma abordagem multidimensional (pp. 17-42). Porto Alegre: Artmed.

Nogueira, C (2008). Análise(s) do discurso: diferentes concepções na prática de pesquisa em psicologia social. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24. doi: 10.1590/S0102-37722008000200014

Oyěwùmí, O. (2021). A invenção das mulheres. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Pereira, L. C. (2012, 17 a 19 de outubro). A construção da identidade da mulher negra no Brasil. Anais do 15º Congreso Internacional de Humanidades, Palabra y Cultura en América latina: Herencias y desafios. Santiago de Chile.

Queiroz, R. C. S. (2019). Os efeitos do racismo na autoestima da mulher negra. Cadernos de Gênero e Tecnologia, 12(40), 213–230.

Rabelo, D. F., Silva, J., Rocha, N. M. F. D., Gomes, H. V., & Araújo, L. F. (2018). Racismo e envelhecimento da população negra. Revista Kairós-Gerontologia, 21(3), 193–215.

Saad, P. M. (2016). Envelhecimento populacional: demandas e possibilidades na área de saúde. Séries Demográficas, 3, 153–166.

Santos, N. M. C. (2016). Negras Velhas: um estudo sobre seus saberes nas perspectivas de envelhecimento, trabalho, sexualidade e religiosidade. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.

Serpa, V. (2024, 19 de fevereiro). Desemprego entre mulheres negras terminou acima da média nacional em 2023. Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Recuperado de https://www.cfemea.org.br/index.php/pt/?view=article&id=8758:desemprego-entre-mulheres-negras-terminou-acima-da-media-nacional-em-2023&catid=568

Silva, P. (2023). Deus é uma mulher preta?: as representações sociais construídas por mulheres negras idosas do Distrito Federal sobre seus envelhecimentos. (Dissertação em Psicologia do Desenvolvimento). Universidade de Brasília, Brasília.

Theodoro, M. (2014). Relações raciais, racismo e políticas públicas no Brasil contemporâneo. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, 8(1), 205–219.

Thomas, D., & Vieira, L. (2019). A cor do defeito: uma análise sobre raça, gênero e corporeidade. Revista Espirales, 3(1), 216–230.

Publiée

2024-11-09

Comment citer

Da Silva, P. T., & Chariglione, I. P. F. S. (2024). “Acima de tudo, eu me acho bonita”: a estética no envelhecer de mulheres negras // “Above all, I think I’m beautiful”: aesthetics in the aging of black women. Revista De Psicologia, 15, e024021. https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024021