“Que Doidice é Essa?”: Recortes do projeto Colonial, Exclusão e Loucura // “What kind of crazy is this?”: Fragments of colonial project, exclusion and mental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024022

Palavras-chave:

decolonialidade, Loucura, saúde mental

Resumo

O artigo tem como objetivo discutir a exclusão  social como efeito do projeto colonial branco eurocêntrico e patriarcal , bem como seus desdobramentos no campo da saúde mental. Perguntamo-nos qual a implicação da psicologia nesse cenário, uma vez que apostamos numa discussão crítica e numa escrita encarnada e situada,  tendo como proposição metodológica uma construção artesanal de pesquisa (Quadros, 2015), costurando retalhos da história que formam essa tessitura no cenário das exclusões e preconceitos  ainda atuais neste campo estudado. Assim, tomando o percurso histórico como linha de costura para organização dessa escrita, bem como de diálogos com pensadoras e pensadores decoloniais, procuramos discutir os impactos desse projeto colonial, higienista e eugenista no campo da saúde mental e suas múltiplas implicações nos marcadores sociais da diferença. Por fim, em tempos de retrocesso de políticas públicas nesse segmento, consideramos crucial o resgate dessa trajetória tanto para a contextualização de nossas práticas na saúde mental quanto para a evidência dessas desigualdades instauradas por um projeto excludente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ma Ana Carolina Dias, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal Fluminense (2012-2017), Mestra em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2019-2021). Possui ampla experiências nos dispositivos de saúde mental, tendo atuado em Hospital Psiquiátrico, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Residência Terapêutica. Possui percurso como pesquisadora acadêmica, tendo atuado em Congressos Internacionais e Encontros Nacionais, ampliando-se para além da área da psicologia. Já atuou como Acompanhante Terapêutica e também como doula. Atualmente tem intensificado suas pesquisas nos efeitos subjetivos da colonização e em práticas corporais e contra coloniais.

Dra. Laura Quadros , Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Psicóloga; Doutora em Psicologia Social; Professora Adjunta IP/UERJ; Professora permanente do Programa de Pós Graduação em Psicologia Social UERJ; Vice diretora do Instituto de Psicologia; supervisora clínica, pesquisadora , vice-coordenadora do Laboratório Gestáltico e coordenadora do COMtextos: arte e livre expressão na abordagem gest´áltica; autora de artigos e livros; artesã de vidas.    

Referências

Antunes, M. A. M. (2012). A Psicologia no Brasil: um ensaio sobre suas contradições. Psicologia: ciência e profissão, 32, (pp. 44-65). Doi: https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500005

Arbex, D. (2019). Holocausto Brasileiro. Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil. Rio de Janeiro: Intrínseca.

Arruda, J. S. (2017). Medicalização e controle dos corpos femininos na execução da medida socioeducativa de internação. In: M. O. Pereira & R. G. Passos (Orgs.), Luta antimanicomial e feminismos: discussões de gênero, raça e classe para a Reforma Psiquiátrica Brasileira (pp. 169-184). Rio de Janeiro: Autografia.

Costa, J. A., Passos, R. G., & Gomes, T. M. S. (2017). Além do aparente: problematizações sobre a generificação das relações a partir de um grupo de mulheres. In: M. O. Pereira & R. G. Passos (Orgs.), Luta antimanicomial e feminismos: discussões de gênero, raça e classe para a Reforma Psiquiátrica Brasileira (pp. 146-165). Rio de Janeiro: Autografia.

Costa, J. F. (2011). História da Psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Garamond.

David, E. C. (2018). Saúde mental e racismo: a atuação de um Centro de Atenção Psicossocial II Infanto Juvenil (Dissertação de Mestrado em Psicologia Social). Programa de Estudos de Pós-Graduação em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil. Recuperado de: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/21029

Dussel, E. (2015). Meditações anti-cartesianas: sobre a origem do anti-discurso filosófico da Modernidade Parte I. In: Revista Filosofazer. Passo Fundo. n 46 jan/jun. Recuperado de: https://www.ifibe.edu.br/filosofazer/index.php/filosofazerimpressa/article/view/4/3

Engel, M. (1999). As fronteiras da "anormalidade": psiquiatria e controle social. História, Ciência e Saúde – Manguinhos, 5(3), pp. 547-563. Fev. 1999. Doi: https://doi.org/10.1590/S0104-59701999000100001

Engel, M. (2007). Psiquiatria e feminilidade. In: M. Del Priore (Org.), História das mulheres no Brasil (pp. 270-303). São Paulo: Contexto.

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA.

Foucault, M. (1977). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.

Freyre, G. (1933). Casa-Grande & Senzala. São Paulo: Global Editora.

Garcia, C. C. (1995). Ovelhas na Névoa: Um estudo sobre as mulheres e a loucura. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos.

Grosfoguel, R. (2019). Para uma visão decolonial da crise civilizatória e dos paradigmas da esquerda ocidentalizada. In: J. Bernardino-Costa, N. Maldonado-Torres, R. Grosfoguel (Orgs). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico, pp 55-77. Belo Horizonte: Autêntica.

Haraway, Donna (2016). Staying with the Trouble: making kin in the Chthulucene. Durham, London: Duke University Press

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó.

Law, J. (2004). After Method: Mess in social science research. New York: Roultledge,

Lobo, L. F. (2015). Os Infames da História: pobres, escravos e deficientes no Brasil. Rio de Janeiro: Lamparina.

Lopes, E. (1933). Reunião inaugural da campanha pro hygiene mental. Arch. Bras. de Hygiene Mental, 6(4), 343-344.

Michelet, J. (2003). A feiticeira. São Paulo: Aquariana.

Passos, R. G. (2018). “Holocausto ou navio negreiro?”: inquietações para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Argumentum, 10(3), 10-22. Doi: http://10.18315/argumentum.v10i3.21483

Quadros. L. C. T. (2015). Uma trama tecida com muitos fios: o pesquisar como processo artesanal na Teoria Ator-Rede. Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia, UERJ, 15 (SPE): 1181-1200. Doi: https://doi.org/10.12957/epp.2015.20253

Schwarcz, L. M. (1993). O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras.

Tamizari, F. (2019). Sobre as mulheres: uma análise sobre a condição feminina no pensamento do iluminista Denis Diderot. Ipseitas, São Carlos, 5(2), 147-161. Recuperado de: http://www.revistaipseitas.ufscar.br/index.php/ipseitas/article/view/385

Publicado

2024-11-09

Como Citar

Dias Ramos, A. C., & De Toledo Quadros, L. C. (2024). “Que Doidice é Essa?”: Recortes do projeto Colonial, Exclusão e Loucura // “What kind of crazy is this?”: Fragments of colonial project, exclusion and mental. Revista De Psicologia, 15, e024022. https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024022