A experiência da realidade virtual com crianças em procedimentos dolorosos
DOI:
https://doi.org/10.36517/resdite.v4.n2.2019.res1Abstract
Introdução: Durante a hospitalização infantil a realização de procedimentos dolorosos refletem no bem-estar, comunicação e continuidade da assistência à saúde¹. Uma das preocupações da equipe de enfermagem trata-se do alívio da dor e conforto da criança, especialmente em procedimentos invasivos². Nesse sentido, a realidade virtual mediada pelos óculos tem se mostrado inovadora para o cuidado de enfermagem, recurso que modula a atividade cerebral, modifica a forma como a criança interpreta a dor aguda, substitui o foco de atenção (distração) na realização dos procedimentos dolorosos³, captura os movimentos da cabeça para determinar o ponto de vista da criança do ambiente virtual e permite a interação humano-computador de navegação pelo ambiente virtual, modificando regiões cognitivas e emocionais do Sistema Nervoso Central, reduzindo a percepção da dor4. Buscou-se então compreender a experiência da criança hospitalizada com a realidade virtual em procedimentos dolorosos. Método: Trata-se de um resumo de dissertação, de um estudo exploratório descritivo, com abordagem qualitativa, realizado na clínica pediátrica de um Hospital Escola, da rede pública Federal de Alagoas, com parecer do Comitê de Ética nº 2.857.902. A obtenção das informações ocorreu no período de outubro a dezembro de 2018, seguindo as etapas: identificação da criança com necessidade de procedimento doloroso, análise de conteúdo segundo Bardin, levantamento das informações, aplicação da escala de dor comportamental, observação da criança durante o cuidado de enfermagem e entrevista com acompanhante ao fim do procedimento doloroso. Utilizou-se óculos de realidade virtual tridimensional, com lente ajustável, adaptado ao smartphone, que captura os movimentos da cabeça, permite interação da criança com imagens do aplicativo virtual de safari, montanha russa ou oceano de acesso gratuito. Resultados e discussão: A experiência com a realidade virtual ocorreu com oito crianças, entre 10 a 12 anos de idade, submetidas a procedimentos dolorosos e oito acompanhantes na faixa etária de 27 a 40 anos, com tempo de internação entre 1 e 36 dias, nos procedimentos dolorosos: punção venosa periférica, enema, retirada de acesso venoso central, coleta de sangue, curativo de dreno, de ferida operatória e de acesso central. Mediante avaliação da dor pela escala de dor comportamental para crianças, verificou-se que antes do procedimento sete crianças apresentaram dor ligeira e uma, dor moderada. Durante o procedimento, três não apresentaram dor, quatro dor ligeira e uma dor intensa. Após, seis não apresentaram dor, uma dor ligeira e uma dor moderadaa. Na entrevista com os acompanhantes, verificou-se que o cuidado de enfermagem a criança hospitalizada ocorre de maneira positiva, em atendimento as necessidades da criança. Conclusão: O estudo mostrou que a realidade virtual contribui para uma assistência de enfermagem diferenciada, resulta melhor enfrentamento da dor. A realidade virtual, resultou num efeito positivo biológico, não farmacológico na redução da dor favorecendo a realização dos procedimentos pela equipe, pois a criança apresentava-se mais calma. Ao buscar conhecer como a realidade virtual vem sendo incorporada nos cuidados em saúde, verificou-se que há necessidade de aprofundamento teórico e novos estudos voltados à perspectiva do cuidado à criança no ambiente hospitalar.
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