Autenticidade, Produção Coletiva e Mercado de Pintura: o caso do artista naïf Chico da Silva
Palavras-chave:
Mercado, Autenticidade, Chico da SilvaResumo
Visa problematizar a constituição de padrões de autenticidade em meio à dinâmica mercadológica da pintura. Desta maneira, o comércio pictórico “Chico da Silva” se expressa como um caso interessante para refletir sobre a imputação de valores à obra artística operada pelas mediações humanas, materiais e institucionais. Pintor naif de reconhecimento internacional, Silva (1910-1985) promoveu um jogo paradoxal entre cópia e original, pondo em causa a própria noção de autenticidade das suas composições ao envolver terceiros na sua dinâmica produtiva. Sendo a autenticidade um valor cardinal tanto para as práticas artísticas como para as mercantis, competiu ao mercado acionar estratégias, mais ou menos elaboradas, de autenticação e singularização pautadas em expedientes intrínsecos e extrínsecos a suas obras.
Referências
BECKER, Howard. Mundos da arte. Lisboa: Livros Horizonte, 2010.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013.
BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do
campo literário; tradução Maria Lucia Machado. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.
______O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.
______“Mercado dos bens simbólicos”. In: ___. A economia das
trocas simbólicas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.
BUENO, Maria Lucia. “O mercado de galerias e o comércio de arte
moderna: São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 1950-1960”. Em
Sociedade e Estado. Brasília: UNB, 2005.
CHICO da Silva continua a luta contra os imitadores. O Povo, Fortaleza,
-2-1980, p.5.
ESTRIGAS. A saga do pintor Francisco Domingos da Silva.
Prefácio Francisco Auto Filho. Fortaleza: Tukano, 1988. 96 p.
FRAENKEL, Béatrice. La signature: gênese d’un signe. Paris:
Éditions Gallimard, 1992.
FROTA, Lélia Coelho. “Liminaridade da obra de Francisco da Silva
face aos modos ‘normais’ da criação artística no Brasil”. Revista de
Ciências Sociais, Fortaleza, Vol. VIII – nºs1 e 2, p.219-232, 1°e 2º
semestre. 1977.
GALVÃO, R. Chico da Silva e a escola do Pirambu. Fortaleza:
Secretaria de Cultura e Desporto, 1986. 101p.
GOLDESTEIN, I. S. “Autoria, autenticidade e apropriação, reflexões
a partir da pintura aborígine australiana”. In: Revista Brasileira de
Sociologia. Vol. 27, nº 79, junho 2012. pp. 81-106.
HEINICH, N. Le triple jeu de l’art Contemporain. Paris: Éditions
du Seuil, 1998.
LÉGER, Fernand; SUBIRATS, Eduardo. Funções da pintura. São
Paulo: Nobel, 1989.
MAGALHÃES, G. Pirambu: todos pintam “Chico da Silva”.
Tribuna do Ceará, Fortaleza, 10-5-1975, p.1.
Revista de Ciências Sociais. Fortaleza, v.48, n. 1, p.69-88, jan./jul., 2017
MELOT, M. “La notion d’originalité et son importance dans la
definition des objets d’art”. In: MOULIN, Raymonde. Sociologie de
l’art. Paris: Éditions L’Harmattan, 1999.
MOULIN, R. O mercado de arte: mundialização e novas
tecnologias. Porto Alegre, RS: Zouk, 2007.
______.L’artiste, l’institutionet Le marché. Paris: Ed. Champs
Flammarion, 1997.
NOGUEIRA, Carvalho. “Ainda a Babel de Chico da Silva”. O Povo,
Fortaleza, 07-6-1976a, p.4.
___________________. “O milagre de Chico da Silva: Agora, a I
Bienal Latino-Americana, em São Paulo”. O Povo, Fortaleza, 08-8-
, p.19.
OLIVEIRA, G. M. da C. É ou não é um quadro Chico da Silva?
Estratégias de autenticação e singularização no mercado de pintura em
Fortaleza. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro
de Humanidades, Departamento de Ciências Sociais, Programa de
Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza, 2015.
OS PINTORES do Pirambu. Série Patrimônio Popular. Comissão
para a Fundação Francisco Domingos da Silva. Fortaleza:
Tipogresso, 1977. 16 p.
RODRIGUES, K. M.; OLIVEIRA, G. M. da C. “Autenticidade,
agenciamento e reconhecimento internacional: a trajetória do artista
“naif” Chico da Silva”. In: BÔAS,
SANTOS, J. C. L. dos. Manual do mercado de arte. Uma visão
profissional das artes plásticas e seus fundamentos práticos. São
Paulo: Julio Louzada Publicações, 1999.
VILLAS, G.; QUEMIN, A (Orgs). Arte e vida social: pesquisas
recentes no Brasil e na França (projeto Saint Hilaire). No prelo.
WILLIAMS, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
ZOLBERG, V. L. Para uma sociologia das artes. SENAC, São
Paulo, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).