Entre Cidades Materiais e Digitais: esboços de uma etnografia dos fluxos da arte urbana em Lisboa
Palavras-chave:
Arte Urbana, Etnografia, CiberespaçoResumo
Este artigo conduz a alguns pontos da trajetória de um estudo etnográfico sobre artes de rua, em Lisboa, e de como tais artes se dilatam entre paisagens digitais e materiais. Dispõe-se a refletir acerca dos desafios, limites, necessidades e dribles dos estudos etnográficos que cruzam as cidades presenciais e estendem-se para múltiplas conexões com o ciberespaço. Provavelmente, o desafio foi o de seguir fluxos, híbridos em ziguezague, percursos pontilhados cujas fronteiras nem sempre são discerníveis. Tomo como caso exemplar a trajetória de Tinta Crua e sua prática de graffiti ilegal na zona histórica de Lisboa. Enquanto as coimas e decretos e as ações de apagamento da Câmara cerceiam as ações do artista nos marcos da cidade material, por meio da internet é fácil ter em casa um Tinta Crua. Ocorreu, assim, na paisagem virtual, um tipo de interação mobilizadora, em que a obra tanto transita online como pode ser alvo de compartilhamentos, interferências de conteúdo, de legenda, estabelecendo, dessa forma, uma curiosa relação espaço-tempo. Concluo que o ciberespaço acaba atuando como um palco alargado, um recipiente amplo, veloz e múltiplo das artes que inundam as paredes, muros e telas das vitrinas urbanas.
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