Entre trânsitos e cárceres: os processos de (des)fazer a fronteira hispano-marroquina numa experiência prisional no Centro Penitenciário de Tetuão

Autores

  • Montserrat Valle Prada Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Fronteira, Cárcere, Espanha, Marrocos

Resumo

A posição confinante das águas do mar Mediterrâneo torna a fronteira entre Espanha e Marrocos não apenas uma localização geopolítica, senão um território onde se produzem, no seu cotidiano, relações, demarcações, fraturas e porosidades entre espaços, sujeitos e modos de vida. Neste artigo, proponho contemplar os diversos processos de fazer e desfazer a fronteira hispano-marroquina a partir da trajetória de Rita - principal interlocutora -, uma mulher espanhola encarcerada no Centro Penitenciário feminino de Tetuão, Marrocos. Ao considerar tal prisão como uma passagem da fronteira hispano-marroquina em si mesma, vou tecendo um diagrama de circulações, agências e cruzamentos entre métodos punitivos e eixos de diferenciação que compõem e alteram constantemente o seu espectro.

Biografia do Autor

Montserrat Valle Prada, Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Possui Licenciatura em Psicologia pela Universidade de Girona (Espanha). Tem experiência profissional na área de Psicologia Social. Possui pós-graduação em Inclusión de sujetos con capacidades especiales, na Universidade Nacional de Córdoba (Argentina) e em Adopción, Acogimiento y Postadopción, na Universidade de Barcelona (Espanha). Concluiu o mestrado em Saúde Coletiva no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado de Rio de Janeiro (UERJ).

Referências

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La frontera: The new mestiza. San Francisco: Aunt Lute, 1987.

ANZALDÚA, Gloria e MORAGA, Cherríe (eds.). This bridge called my back: Writings by radical women of color. Watertown, Massachusetts: Persephone Press, l981.

BRAH, Avtar. Cartografias de la diáspora: Identidades en cuestión. Madrid: Traficantes de Sueños, 2011.

BUMACHAR, Bruna. Nem dentro, nem fora: A experiência prisional de estrangeiras em São Paulo. 2016. Tese (Doutorado em Antropologia social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

CARSTEN, Janet. A matéria do parentesco. Revista de Antropologia da UFSCar, São Carlos, v. 6, n. 2, p. 103-118, jul./dez. 2014.

DAVIS, Angela e DENT, Gina. A prisão como fronteira: uma conversa sobre gênero, globalização e punição. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 11, n.2, p. 523-531, jul.-dez. 2003.

FERGUSON, James. “Transnational topographies of power”. In: FERGUSON, James. Global shadows: Africa in the neoliberal world order. Durham: Duke University Press, 2006, p. 89-122.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

GODÓI, Rafael. Ao redor e através da prisão: Cartografias do dispositivo carcerário contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Sociologia), Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

JEGANATHAN, Pradeep. “Checkpoint: Anthropology, Identity and the State”. In: DAS, Veena e POOLE, Deborah (orgs.). Anthropology in the Margins of the State: Comparative Ethnographies. Santa Fe: School of American Research Press, 2004, p. 67-80.

PADOVANI, Natália. Sobre casos e casamentos: Afetos e ‘amores’ através de penitenciárias femininas de São Paulo e Barcelona. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2015.

VIANNA, Adriana. “Etnografando Documentos: Uma antropóloga em meio a processos judicias”. In: CASTILHO, Sérgio; SOUZA LIMA, Antonio Carlos e TEIXEIRA, Carla Costa (orgs.). Antropologia das Práticas de Poder: Reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra Capa/FAPERJ, 2014, p. 43-70.

Downloads

Publicado

2018-11-01

Como Citar

Prada, M. V. (2018). Entre trânsitos e cárceres: os processos de (des)fazer a fronteira hispano-marroquina numa experiência prisional no Centro Penitenciário de Tetuão. Revista De Ciências Sociais, 49(3_Nov/Fev), 175–200. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/31756