PIERRE BOURDIEU E A RELIGIÃO: SÍNTESE CRÍTICA DE UMA SÍNTESE CRÍTICA
Resumo
O objetivo do artigo é apresentara contribuição de P Bourdieu às ciências sociais das religiões, atentando fundamentalmente para as seguintes questões: é possível falar de "religião" em sociedades nas quais as religiões institucionais não existem ou em sociedades nas quais se encontram singularmente enfraquecidas? A noção de campo religioso continua pertinente em sociedades não segmentadas ou em sociedades cada vez mais secularizadas? A leitura das obras de P. Bourdieu sugere respostas negativas a essas questões. A validade sociológica da noção de campo religioso é primeiramente limitada pela ausência de monopolização da produção simbólica em certas sociedades agrárias e, finalmente, pela crescente incerteza no que concerne aos limites do campo, devido, notadamente, à aparição de novas profissões especializadas no "trabalho simbólico" e à "disjunção" entre crença e obediência institucional. O campo religioso parece corresponder precisamente às religiões históricas ocidentais, notadamente o judaísmo e o catolicismo analisados em uma dialética entre relações internas e relações externas. Uma definição da "religião" centrada no "campo religioso", isto é, nas lutas entre especialistas nas suas relações com a estrutura social global, certamente dificulta o estudo dos fenômenos religiosos que escapam amplamente ao controle dos cleros. É importante atentar para a "bricolagem" das crenças, a construção das linhagens de fiéis durante a modernidade, a organização em redes de amadores de esoterismo ou a organização não burocrática de certos pentecostismos como fatos que permitem relativizar o poder das instituições eclesiásticas.
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