A Manipulação do estigma de favelado na política habitacional do Rio de Janeiro
Resumo
Este artigo é fruto da revisão e atualização de trabalho elaborado em 1975 e apresentado no curso de Antropologia Urbana ministrado pelo professor Gilberto Velho, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O trabalho desenvolve três idéias básicas: 1) existe um estigma associado à condição de favelado; 2) este estigma foi manipulado pelos técnicos e políticos responsáveis pela política de habitação popular no Rio de Janeiro, especialmente aqueles ligados à COHAB-GB, no período de 1962 a 1975, tanto para justificar a erradicação de favelas, como para explicar os problemas decorrentes da transferência dos favelados para conjuntos habitacionais; 3) tal transferência, nos moldes em que foi realizada, favoreceu a manutenção do estigma, que passou a ser utilizado também pelos moradores dos conjuntos habitacionais, como elemento de valorização social. Após 1975, a política habitacional do Rio de Janeiro sofreu mudanças, a começar pelos seus aspectos institucionais, já que, em decorrência da fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, a COHAB-GB foi extinta, dando lugar à Companhia Estadual de Habitação - CEHAB, encarregada da política de habitação popular no novo Estado do Rio de Janeiro.
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