CHAMADA VAZANTES 2021 (v5n1)

2021-03-31

ATÉ 21/5/21:

o Dossiê Cultura(s) do(s) Cariri(s): artes e filosofias, trânsitos e diversidade busca potencializar sua dispersão em distintos estilhaços e gestos, para mostrá-los como territórios de diversidades aglutinadas pelos profundos desafios e estratégias de abordagens culturais que se expressam no presente.

Dúvidas, favor endereçar para: revistavazantes@gmail.com ou diretamente aos editores deste dossiê: andreia.paris@urca.br, robertomarques@urca.br e natacha.gallucci@ufca.edu.br

Editores convidados ao dossiê v5, n1:
Andréia Aparecida Paris (URCA - PROFARTES-URCA)
- http://lattes.cnpq.br/5463561875258649 | https://orcid.org/0000-0002-1048-1640

e

Roberto Marques (URCA - UECE) - http://lattes.cnpq.br/7700061700590484 | https://orcid.org/0000-0002-5494-6462

Cariri remete a uma comarca, conjunto territorial-estético-cultural e geopolítico que os mapas associam aos estados de Ceará, Paraíba, Piauí e Pernambuco, e que vem sendo tecido e atravessado por diferentes narrativas que ora o concebem como diferença, ora disputam sua legitimidade produzindo cisões, hierarquias, formas de vida, artes, distinções e laços.
Deslocamentos contínuos na significação desse cronotropo mostram a complexidade das disputas em torno de sua dizibilidade e de seus apagamentos. Inventado e reinventado à luz da ideia de tradição, Cariri advém como significante descentrado que conota inúmeros trânsitos, romarias, religiosidades, etnias, sítios geológicos, fontes de água subterrâneas e outros patrimônios materiais e imateriais, compondo afetos, disputas, tensões sócio-culturais e artísticas com repercussões econômicas, filosóficas, étnico-raciais, teológicas e políticas no cotidiano da diversidade de populações que por ali transitam e habitam.
Edson Soares Martins fez notar o fato do(s) Cariri(s) comunicar(em)-se com o restante do Nordeste, do Brasil e do mundo, chamando à cena o músico e instrumentista Luiz Gonzaga, a liderança político-religiosa do Padre Cícero e a poética popular de Patativa do Assaré. Trata-se de um poliedro de poesia, música e religião usualmente chamado “cultura popular” que opera como anteparo simbólico ao alegorizar o(s) Cariri(s), seus territórios, suas populações e as relações socioculturais ali presentes - com destaque também para as belezas naturais do Geopark do Araripe, no Ceará, e do Açude Boqueirão, na Paraíba; para as produções pictóricas rupestres ancestrais da Serra da Capivara, em Piauí, e de Missão Velha, no Ceará; entre outras.
Tais narrativas remontam à presença das expedições científicas no Brasil durante o século XIX - andanças dos naturalistas Francisco Freire Alemão e George Gardner -, ou pela curiosidade dos membros da Missão de Pesquisas Folclóricas coordenada por Mário de Andrade - enviada ao Norte e Nordeste pelo Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo -, ou pela famosa Caravana Cinematográfica, de Thomas Farkas, no fim dos anos de 1960.
Na contemporaneidade das culturas caririenses, longe de apontarem para um território coeso, a presença de diferentes narradores evidencia inúmeras geografias, laços e disputas de sentidos do(s) Cariri(s) a partir desses territórios e percursos, tanto materiais quanto simbólicas, compondo narrativas marcadas por projetos estéticos e diversidades político-intelectuais, produzindo - a partir do(s) Cariri(s) - imagens, ideias, técnicas, noções e atualizações do popular, compondo imaginários espaciais, temporais e virtuais do Nordeste e do Brasil.
Ao invés de (re)inventar o Cariri como uma unidade, o Dossiê Cultura(s) do(s) Cariri(s): artes e filosofias, trânsitos e diversidade busca potencializar sua dispersão em distintos estilhaços e gestos, para mostrá-los como territórios de diversidades aglutinadas pelos profundos desafios e estratégias de abordagens culturais que se expressam no presente. Desta forma, buscamos contribuições que explorem tal escopo em diversas perspectivas a fim de estimular a problematização e o debate dos temas presentes, advindos de pesquisas que tenham por base um ou mais dos seguintes tópicos:

⦁ Representações poéticas, artísticas e literárias do(s) Cariri(s)
⦁ Culturas sertanejas/populares contemporâneas
⦁ Diálogos e mediações étnico-raciais no(s) Cariri(s)
⦁ As mulheres caririenses: papéis histórico, político, social, econômico e suas lutas
⦁ Audiovisual, tecnologias emergentes e construção de memórias
⦁ Disputas e apagamentos das fronteiras rural/urbano
⦁ Terreiros, brincantes, rituais, folias, danças
⦁ Alteridade, trânsitos e romarias
⦁ Biodiversidade cultural, gourmetização do território
⦁ As águas nas terras caririenses
⦁ Resistências, resiliências e trocas nos territórios quilombolas e indígenas
⦁ Cultura, contracultura e educação para a juventude
⦁ Filosofias e práticas dos Corpos no(s) cariris(s), performance, performatividade e gênero