Entre utopias integradoras e utopias transgressoras: Foucault contra Marcuse
DOI:
https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95847Palavras-chave:
Sexualidade. Repressão. Utopia. Transgressão.Resumo
Este artigo pretende fazer uma primeira explicitação da crítica de Foucault às teses de Marcuse a propósito das relações entre capitalismo e repressão sexual. Para tanto, procuramos reconstituir a gênese dessa crítica, em especial aquelas que aparecem no primeiro volume da História da sexualidade, de 1976, e que foram bastante comentadas. Tal gênese nos remete ao curso que Foucault ministra em Vincennes no primeiro semestre de 1969 e que só foram publicados na França em 2018 e no Brasil em 2021. Nesse curso, entre outros assuntos, Foucault discute criticamente a ideia de uma “utopia sexual” concomitante a do fim do capitalismo e, ao mesmo tempo refuta o posicionamento de Marcuse em relação à concepção de perversão. Segundo Foucault, tal posicionamento acabaria por desvirtuar a concepção freudiana de “perversão” em prol da ideia de uma sexualidade sadia e normalizada. Nessa perspectiva, a utopia sexual surgida nos anos 1960 e que ganhou sua máxima expressão no movimento de maio de 1968, não passaria de uma utopia conciliadora, que abandona toda ideia de transgressão.
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