Insubordinação em português: relações semânticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/ep15.96487

Palavras-chave:

linguística histórica, sintaxe funcional, insubordinação, relações semânticas

Resumo

Este artigo investiga as relações semânticas estabelecidas por cláusulas insubordinadas no português, a partir da análise do documento medieval Dos Costumes de Santarém (século XIV), integrante do Corpus Informatizado do Português Medieval. A pesquisa se fundamenta em abordagens anteriores sobre a insubordinação de orações (Evans, 2007; Mithun, 2008; Cristofaro, 2016; Heine, Kaltenböck e Kuteva, 2016) e propõe uma categorização semântica para a descrição dessas construções em português desvinculada dos rótulos tradicionais. Foram coletadas 688 ocorrências, distribuídas em onze tipos de relações semânticas: preparação, elaboração, ressalva, fechamento, capacitação, reelaboração, probabilidade, propósito, comparação, exclusão e adendo. A análise quantitativa demonstrou a predominância da relação de preparação (67,9%), motivada pelo caráter jurídico do texto analisado. Defende-se que as relações semânticas das insubordinadas só podem ser atestadas no uso, fato que reforça a importância de abordagens discursivo-funcionais para a compreensão do fenômeno.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Violeta Virginia Rodrigues , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Professora titular do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ. Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Líder do Grupo de Estudos em Conexão e Insubordinação de Cláusulas (GECIC). https://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6336064211745673

Thiago Laurentino de Oliveira , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Professor Adjunto do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ. Professor do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Vice-líder do  Grupo de Estudos em Conexão e Insubordinação de Cláusulas (GECIC). https://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6336064211745673

Referências

AFFONSO JR., M. R. Insubordinação em folhetins e romances do século XIX: um estudo funcionalista. 2024. 194 fl. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.

AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990. p. 97-115.

AZEREDO, J. C. Fundamentos de gramática do português. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2000. p. 222-244.

BARONI, G. do C.; RODRIGUES, V. V. Insubordinação: uma proposta funcionalista para o estudo de (des)articulação de cláusulas. Revista do GEL, v. 18, n. 3, p. 285-310, 2021.

BROCARDO, Maria Teresa. Tópicos de História da Língua Portuguesa. Lisboa: Edições Colibri, 2014.

CRISTOFARO, S. Routes to insubordination: a cross-linguistic perspective. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (orgs.). Insubordination. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2016. p. 393-422.

DECAT, M. B. N. et al. Desgarramento, subordinação discursiva e insubordinação. 1. ed. Campinas: Pontes Editores, 2021. v. 1. 210p.

D’HERTEFELT, S.; VERSTRAETE, J. Independent complement constructions in Swedish and Danish: Insubordination or dependency shift? Journal of Pragmatics, Estados Unidos, v. 60, p. 89-102, 2014.

EVANS, N. Insubordination and its uses. In: NIKOLAEVA, I. (ed.), Finiteness. Theoretical and Empirical Foundations. Oxford: Oxford University Press, 2007. p. 366-431.

EVANS, N.; WATANABE, H. The dynamics of insubordination: An overview. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (eds.). Insubordination. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins, 2016. p. 1-38.

HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. Londres: Edward Arnold Publishers Ltd., 1985.

HEINE, B.; KALTENBÖCK, G.; KUTEVA, T. On insubordination and cooptation. In: EVANS, N.; WATANABE, H. (eds.). Insubordination. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins, 2016. p. 39-64.

HIRATA-VALE, F. B. M. O processo de insubordinação nas construções condicionais do português do Brasil. Relatório científico final. Bolsa de pesquisa no Exterior. FAPESP: processo 13/24523-2. 2015

HIRATA-VALE, F. B. M. Construções condicionais insubordinadas no português: usos metatextuais. Estudos linguísticos, São Paulo, v. 46, p. 83-97, 2017.

HIRATA-VALE, F. B. de M. Construções completivas insubordinadas subjetivas-modais no português brasileiro. Estudos linguísticos, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 297-311, 2020.

HIRATA-VALE, F. B. de M.; OLIVEIRA, T. P. de; SILVA, C. F. da. Construções insubordinadas no português do Brasil: completivas e condicionais em análise. Revista Odisseia, [S. l.], v. 2, p. 25-41, 2017.

KALTENBÖCK, G. Delimiting the class: A typology of English insubordination. In: BEIJERING, K.; KALTENBÖCK, G.; SANSIÑENA, M. S. (orgs.). Insubordination: Theoretical and Empirical Issues. Berlim: De Gruyter Mouton, 2019, p. 169-198.

KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

KORTMANN, B. Adverbial subordination. Berlin: Mouton de Gruyter, 1997.

MANN, W.C., e THOMPSON, S.A. Rhetorical Structure Theory: Toward a functional theory of text organization. Text, 8 (3). 243-281, 1988.

MATTOS E SILVA, R. V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo: Contexto, 2006.

MITHUN, M. The extension of dependency beyond the sentence. Language, v. 84, n. 1, p. 69-119, 2008.

NEVES, M. H. de M. A interface sintaxe, semântica e pragmática no funcionalismo. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v. 33, n. 1, p. 25-43, 2017.

OLIVEIRA, Correa; MACHADO, Saavedra. Textos Portugueses Medievais. Coimbra: Coimbra, 1964.

PEZATTI, E. G. O Funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos, vol. 3. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 165-217

RODRIGUES, M. C. M. Dos Costumes de Santarém. Dissertação de Mestrado, Lisboa, F.L.L., 1992, p. 160-251.

RODRIGUES, V. V. Cláusulas sem núcleo em português: desgarramento ou insubordinação? 1. ed. São Paulo: Blucher, 2021.

RODRIGUES, V. V. Padrões de insubordinação no PB. In: SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, 8, 2022. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2022.

RODRIGUES, V. V. Cláusulas insubordinadas no português em uso. In: CEZARIO, M. M. da C.; MARQUES, P. M.; CASTANHEIRA, D. (Org.). Pesquisas funcionalistas e aplicações ao ensino superior. São Paulo: Pimenta Cultural, 2024, p. 212-238.

RODRIGUES, V. V.; MALLMANN, A. C. L. G.; TOTA, F. O.; THOMPSON, H. V. G. Ensino, Texto e Sintaxe: orações adverbiais. 1. ed. — Campinas, SP: Pontes Editores, 2024.

RODRIGUES, V. V.; OLIVEIRA, T. L. de. Cláusulas insubordinadas no Português Arcaico: notas preliminares. Revista LinguíStica, v. 19, n. 1, p. 221-248, 2023.

Downloads

Publicado

29-12-2025

Edição

Seção

Dossiê: Funcionalismo e Linguística de Texto: interfaces e diálogos