UMA COLÔNIA NO BRASIL: INTERSECÇÕES ENTRE O RELATO DE VIAGEM, A AUTOBIOGRAFIA E A AUTORIA FEMININA

Autores

Resumo

Em 1857, uma época em que as mulheres se contentavam, ou eram obrigadas a dedicarem-se exclusivamente  a  vida  familiar,  a sexagenária Marie van Langendonck prefere tecer sua história. Trata-se de uma ilustre dama, poetisa e escritora que descreve suas experiências em Uma  Colônia  no  Brasil, livro pouco conhecido no meio acadêmico. Publicado  em  1862,  na Bélgica, o  livro nos proporciona um relato das experiências de Marieem terras brasileiras, entre os anos 1857 e 1859, período em que residiu em uma colônia ao sul do país. Ainda que contivesse o  subtítulo Relatos  históricos, quando o livro foi publicado, ele foi  avaliado pela crítica como um diário, sem validade histórica, contudo, à medida que se pesquisava sobre o gênero, algumas questões  de natureza teórica foram levantadas, uma  vez  que, o  relato de Marie  extrapolava características capitais  apontadas por  Blanchot e Lejeune  inerentes ao diário. Ainda, procura-se revelar como a reconstrução memorialística de Mme. van Langendonck converge a uma atitude de  escrita própria, que ultrapassa as noções de gênero, de maneira que o  espaço autobiográfico da obra está intrinsecamente ligada à condição de Marie como mulher, escritora e personagem em  uma  sociedade marcada por inúmeros preconceitos, que delimitavam a atuação da mulher.

Biografia do Autor

Pamela Pinto Chiareli Fachinelli, UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Possui graduação em Letras Português/Inglês pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (2011). Mestrado em Estudos Literários pela UFU - Universidade Federal de Uberlândia. Atuou como professor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro até janeiro/2016. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira.

Fani Miranda Tabak, UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Doutora em Literatura Comparada pela Unesp - Araraquara e Pós-doutorado pela Universidade de Nottingham, UNINO, Grã-Bretanha. Professora Associada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, com ênfase nos estudos de narrativa poética e historiografia, modernidade e estudos de gênero. Possui interesse pela área de historiografia, participação e autoria feminina e Independência na America Latina, sobretudo em um corpus não canônico. Atualmente agregou ao interesse dos estudos de gênero e historiografia pesquisas que envolvem o trato da educação literária para a formação de jovens leitores e a reavaliação dos métodos e conteúdos do ensino literário na escola.

Joana Luiza Muylaert de Araújo, UFU - Universidade Federal de Uberlândia

Possuo graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1983), mestrado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993). Professora Titular, da Universidade Federal de Uberlândia, ministro aulas de Teoria Literária e Literatura Brasileira no Instituto de Letras e Lingüística e integro o corpo de docentes permanentes do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários - Mestrado e Doutorado, do mesmo Instituto. Desde março de 2009, faço parte do corpo de professores permanentes do Programa de Pós-graduação em História da UFU. Tenho experiência na área de Letras, com ênfase em Crítica e Historiografia Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura e crítica no modernismo brasileiro, história e literatura, problemas teóricos da narrativa moderna e contemporânea, a prosa de Machado de Assis. Bolsista do CNPq / Produtividade em Pesquisa 2, entre março de 2007 e julho de 2008. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, realizei o estágio de pós-doutorado, na UFMG, com bolsa da FAPEMIG, sob a supervisão do professor Wander Melo Miranda. Fui coordenadora do Grupo de trabalho/GT da ANPOLL, "Estudos comparados de literaturas de língua portuguesa", no período entre 2010-2012. Bolsista do CNQq/Produtividade em Pesquisa 2 (03/2011-02/2014). Diretora da Editora da Universidade Federal de Uberlândia (EDUFU), com início em dezembro de 2012 e término no dia 31 de março de 2016.

Referências

BLANCHOT, M. O livro por vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

CASTELLO BRANCO, L. Notas sobre uma memória feminina. In: CASTELLO BRANCO, L.; BRANDÃO, R. S. A mulher escrita. Rio de Janeiro: LTC, 1989. p. 137-147.

LANGENDONCK, Madame Van. Uma colônia no brasil. Tradução de Paula Berinson. Florianópolis: Editora Mulheres: EDUNISC, 2002.

LANGENDONCK, Madame Van. Uma colônia no brasil. Tradução de Dora Lindenberg. Campinas: PUCCAMP, 1990.

LEITE, M. L. M. Mulheres viajantes do século XIX. In: SCHPUN, M. R. (Org.). Gênero sem fronteiras:oito olhares sobre mulheres e relações de gênero. Florianópolis: Mulheres, 1997. p. 25-43.

LEJEUNE, P. O Pacto Autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

PERROT, M. Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 8, n. 18, p. 15 ago./set. 1989.

PRATT, M. L.Os olhos do império. Relatos de viagem e transculturação. Bauru: Edusc, 1999.

SUSSEKIND, F. O Brasil não é longe daqui:o narrador, a viagem. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

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Publicado

2019-01-19