UM DEFEITO DE COR, DE ANA MARIA GONÇALVES: TRAÇOS AFRO-FEMININOS QUE TRAZEM UM LEGADO DE CONTRADISCURSO E CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA

Autores

Resumo

Ana Maria Gonçalves cede voz à Kehinde, narradora da obra, uma africana do antigo Daomé e durante sua saga revisita boa parte do período colonial do Brasil trazendo à tona fatos da memória coletiva e individual que marcam este período histórico e promovendo um contradiscurso. Procuramos, durante nosso trabalho, ressaltar os assuntos que territorializam a escrita da mulher negra em solo brasileiro, na contemporaneidade. Um defeito de cor, romance de Ana Maria Gonçalves, publicado em 2006, o qual estabelece um diálogo entre ficção e história. Desenvolvendo questões relacionadas à literatura, à história, à raça, gênero e à diáspora africana, busca-se demonstrar a importância das obras de literatura afrodescendente no Brasil, comprometidas etnograficamente com as relações raciais contemporâneas.  É a possibilidade de criação de um novo discurso constituidor de outra história, escrita pelos “ex-cêntricos” de nosso país, destoante do status quo intelectual vigente, mas caracterizando uma narrativa inseparável da vida e da realidade

Biografia do Autor

CAMILA DE MATOS SILVA, UFPE/PPGL/CAPES

DOUTORANDA EM TEORIA DA LITERATURA NA UFPE/PPGL, BOLSISTA CAPES. MESTRA EM LITERATURA, CULTURA E TRADUÇÃO PELA UFPB. GRADUADA EM LICENCIATURA - PORTUGUÊS PELA UFMG. PSICANALISTA CLÍNICA E CONSTELADORA FAMILIAR. ESCRITORA "NAS HORINHAS DE DESCUIDO".

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Publicado

2019-01-19