“Saber ler é tão difícil como saber escrever” – o leitor (de) António Lobo Antunes

Autores

  • Graziele Maria Valim Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Diana Navas Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

A partir da leitura de Deste viver aqui neste papel descripto: cartas de guerra (2005), de António Lobo Antunes e dos romances iniciais do autor, o presente estudo tem um duplo objetivo: discutir o tipo de leitor almejado por António Lobo Antunes para a leitura de seus romances, bem como apresentar o próprio leitor António Lobo Antunes, tal como ele figura em suas obras. Para a realização deste intento, recorremos, em especial, às reflexões de Barthes (1987), Piglia (2006), Antonio Candido (2011) no que concerne às suas investigações em relação ao leitor. A leitura empreendida permite-nos observar que Lobo Antunes revela-se como um leitor ávido, voraz e, principalmente, crítico, que, mais do que incitar o leitor a assumir um papel ativo de coautoria – visto a ele caber a (re)construção de sentidos possíveis na narrativa – destina a ele a tarefa de tornar-se capaz de ler o mundo e a si mesmo.

Biografia do Autor

Graziele Maria Valim, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutoranda e mestre, com financiamento CAPES, em Literatura e Crítica Literária na linha de tradição e novas perspectivas estético-culturais, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Diana Navas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutora em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP.

Referências

ANTUNES, António Lobo. Segundo livro de crónicas. Lisboa: Dom Quixote, 2002.

______. D’este viver aqui neste papel descripto: cartas da guerra. Maria José Lobo Antunes e Joana Lobo Antunes (Orgs.). Lisboa: Dom Quixote, 2005.

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Publicado

2020-06-03

Edição

Seção

Estudos Literários