DO CONTO AO “ROMANCE”: CONFIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS NA NARRATIVA CLARICIANA
Abstract
O termo identidade, atualmente no centro dos debates culturais, associado à crítica feminista, possibilita-nos aprofundar problematizações importantes sobre os temas: mulher e sociedade, violência doméstica, família, maternidade, casamento etc. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo discutir o conceito de identidade e sua representação em duas narrativas da escritora Clarice Lispector, a saber, o conto “Gertrudes pede um conselho” (1941) e o “romance” Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969). Mesmo com uma diferença de publicação de quase três décadas, tais narrativas comportam aproximações que permitem propor a realização de um trabalho ficcional por parte da escritora acerca da formação identitária das personagens femininas. Nas duas narrativas, a busca da essência do ser por parte das protagonistas relaciona-se à busca por independência e à discussão sobre a condição da mulher na pós-modernidade, trabalhada a partir da repercussão de acontecimentos geradores de sentimentos e sensações nas personagens, e não da descrição das ações.
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