MANOEL DE BARROS E A POESIA DAS COISAS INÚTEIS
Abstract
Resumo: Manoel de Barros, poeta, artesão das letras e dos sentidos, prima pela linguagem em sua essência, atribuindo-lhe valores que fogem ao ajuste semântico. Desconfigura a ordem das coisas, pelo prazer de poetizar o que a maioria estabelecida considera apoético. Defende em suas poesias a liberdade plena da escrita, buscando inspiração nas referências de seu passado e na Natureza. Atribui à criança, ao andarilho e aos passarinhos o teor de suas “inutilidades”. Aqui, percorreremos parte de sua obra, com concentração em Gramática expositiva do chão – poesia quase toda (1990). Pensamos em demonstrar um olhar acerca desse fazer poético e a partir daí tentarmos desvelar sua construção poética, ornada de transgressão e composta por “estranhos devires”. O conjunto dessa obra é alimentado por imagens, recurso que Manoel utiliza com primazia, incorporando nessa junção, certa racionalidade onírica, talvez surrealista ao primeiro instante, entretanto que não foge a um substrato ético profundo. Percebemos uma constante autorreflexão poética, um fazer metapoético, em que o poeta discute a própria criação artística, sendo capaz de fragmentar e recriar o universo. A palavra na obra de Manoel de Barros perde sua “função” de representação do mundo e passa a criar outras possibilidades de realidade. O alcance do olhar aqui apresentado se deu à luz das ideias de Blanchot (2005) e Compagnon (1996), principalmente, através dos quais, temos possibilidades de compreensão da dita literatura pós-moderna.
Palavras-chave: Manoel de Barros. Literatura pós-moderna. Poética.
References
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