Trilhando a fuga do ego
a estetização do luto no conto Kino, de Haruki Murakami
Resumen
O presente trabalho pretende, a partir do entendimento do processo de mímesis, analisar como o conto Kino (2015), do autor japonês Haruki Murakami, é capaz de estetizar o estado mental do luto. Em um primeiro momento, busca-se fazer o percurso do processo de mimetização, proposto por Paul Ricœur (1994), e entender como um autor é capaz de apreender um evento do campo da vida e transportá-lo para o campo estético. Em seguida, a literatura contemporânea japonesa é introduzida e situada no âmbito social, para que se possa entender como ela reproduz uma angústia identitária coletiva. No terceiro momento do trabalho, o conto Kino, presente na coletânea Homens sem mulheres, é analisado. A relação dialógica bakhtiniana é a ligação teórico-metodológica entre as seções anteriores e a análise propriamente dita. Nesta, utiliza-se estudos propostos por Freud e Bachelard, para que se possa entender como o luto é elaborado numa narrativa que empreende tanto uma fuga física quanto uma fuga mental. Dessa forma, conclui-se que Murakami, utilizando um conjunto de elementos narrativos, toma o sistema literário do qual faz parte como um mecanismo para a análise de um mal-estar que inicia no âmbito social e finda no individual.