O duplo lugar de fala em As parceiras, de Lya Luft
Abstract
O presente artigo promove um debate sobre o lugar de fala da mulher silenciada e vítima do sistema patriarcal na obra As Parceiras (1980), da escritora Lya Luft. De tal modo, a violência contra a mulher nessa obra, se confunde com a violência do patriarcado, dentro de casamentos fracassados de três gerações de mulheres insatisfeitas e infelizes. Então, a narrativa passa a ser contada pela personagem narradora, Anelise, através de memórias alternativas entre presente e passado, para compreender as raízes de sua família. Deste modo, utilizamos os conceitos de estudos feministas e de gêneros de alguns renomados autores: Pierre Bourdieu, no debate sobre a violência no contexto da dominação masculina; Lia Machado comenta a respeito das classificações das diferentes fases da violência de gênero; Carlos Gomes apresenta diversas evidências das agressões contra as personagens femininas no texto literário. Portanto, passamos a analisar o lugar de fala da mulher, reverenciado por Gayatri Spivak e Dijamila Ribeiro, a fim de explorar a técnica usada pela narradora para dar voz às mulheres silenciadas de sua família, enquanto busca-se encontrar no presente.