Narrar o (im)possível

a memória reconstruída em A Dor, de Marguerite Duras

Autores

  • Isabela Bosi Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

Este artigo pretende analisar o livro A Dor (1985), de Marguerite Duras (1914-1996), compreendendo sua escrita como um processo de reconstrução de memórias da guerra. No livro, publicado em 1985, mas parcialmente escrito 40 anos antes, Duras constrói uma narrativa do (im)possível, durante a espera de seu marido, Robert Antelme, preso no campo de concentração Buchenwald, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A escrita de Duras coloca em questão a memória da paz, ao final da guerra, essa memória institucionalizada em contraste com uma dor insuportável, não apenas sua, mas de tantas e tantos, que esperavam o regresso dos presos dos campos. Considerando que toda memória é já construção e que todo testemunho é também ficção, buscamos refletir como o texto de Duras pode contribuir para a reconstrução de uma memória do fim da guerra e do período pós-guerra, a partir do testemunho de sua dor. Para nos ajudar na elaboração dessa análise, trabalhamos com algumas teorias, que coadunam com nossa visão acerca dos conceitos memória, narrativa e testemunho, de pensadores como Henri Bergson, Walter Benjamin, Gilles Deleuze, Jacques Derrida, dentre outros.

Biografia do Autor

Isabela Bosi, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutoranda em Literatura e Crítica Literária na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestra em Memória Social, na linha de pesquisa Memória e Linguagem, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Graduada em Comunicação Social (Jornalismo), pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com trabalho de conclusão selecionado pelo Edital UFC/2013 e publicado como livro. Estudou História da Arte, na Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), e participou de cursos livres na Université Catholique de Lyon (França) e na University of Toronto (Canadá). Autora dos livros Bar do Anísio: casa de liberdades (2013), Quase (2019) e Sobre viver (2019), além de intervenções urbanas, vídeo-cartas e textos publicados em revistas, jornais e antologias. 

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Publicado

2021-04-30