A VIDA ESCRITA EM O CAVALO DE TURIM: diálogos contemporâneos com Pier Paolo Pasolini
Palavras-chave:
Teoria do cinema, Plano-sequência, Tempo e espaço no cinema, Pier Paolo Pasolini, Béla TaarResumo
O plano-sequência é tão antigo quanto o cinema – uma vez que alguns autores consideram que os filmes de Edison e dos irmãos Lumiére teriam essa estrutura. Alguns dos melhores diretores da história do cinema, como Welles, Hitchcock, Kalatozov, Antonioni, Scorsese, Sokurov e muitos outros fizeram uso notório desse recurso técnico e narrativo. Andre Bazin foi um dos grandes defensores do plano-sequência como instrumento de criação do efeito de real. Atualmente, o plano-sequência do director húngaro Béla Taar destaca-se. O cavalo de Turim (A torinói ló, The Turin Horse – Hungary – 2011) foi inspirado pelo episódio em Turim que supostamente disparou o processo de enlouquecimento de Nietzsche. O dono do cavalo espancado, que chocou o filósofo alemão, vai para casa; então acompanhamos seis dias de sua vida com sua filha – seis longos, silenciosos, ventosos e repetitivos dias, belamente fotografados em planos-sequência em preto e branco. Esses planos-sequência dizem sobre a vida e o tempo, são importantes recursos discursivos. Essa interpretação leva-nos ao conceito de cinema e plano-sequência de Pasolini. O artista e pensador italiano defende que a vida é similar ao cinema, como o filme é similar à morte e o plano-sequência é como nossa experiência de real. Acreditamos que a singularidade da teoria de Pasolini está na defesa da similaridade do cinema com a vida (nossa experiência, em grande parte audiovisual, com o mundo que nos cerca), mas advoga e pratica um neo-formalismo no filme.
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