A composição de timbragens no rock independente brasileiro
afecções do tecnocolonialismo e da precariedade no setup dos músicos
Resumo
No rock independente brasileiro contemporâneo, a fruição musical depende muito de timbragens complexas desenvolvidas através de uma série de pedais de efeito que modulam o sinal dos instrumentos musicais. Mas para um artista amador ou semi-profissional, dispor de vários pedais custa caro em tempos de desvalorização da moeda brasileira. Assim, a formatação dos setups, termo empregado pelos músicos ao arranjo de instrumentos e aparelhos musicais, é atravessada não apenas por escolhas estéticas dos músicos, mas também por agenciamentos sociais, tecnológicos, econômicos e até políticos. Nos interessa observar como tais agenciamentos afetam os processos artísticos de produção de timbres na obra das seguintes bandas: Rakta; Boogarins; Winter; My Magical Glowing Lens; Cine Baltimore; Sterea; Adorável Clichê; Supervão; Zeca Viana; Harmônicos do Universo; E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante; e Miêta. Os membros destas bandas e seus setups são atravessados por condições de precariedade, pela necessidade de enjambres, pelo tecnocolonialismo que se impõe à produção musical no Brasil, e tudo isto afeta o resultado final de suas timbragens. Para compreender tais afecções, descrevemos e mapeamos a máquina social técnica (criada pelo acoplamento entre músicos, instrumentos musicais, amplificadores e pedais de efeito) que agencia timbragens, com o intuito de reconhecer transformações geradas nos corpos envolvidos no agenciamento (ouvintes, músicos, instrumentos, música) após os timbres serem atualizados. Como parte de uma pesquisa maior, o presente artigo contribui na compreensão do timbre como um agente de comunicação afetiva.
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