Práticas participativas de canais multimídia infantis no espaço digital
DOI :
https://doi.org/10.36517/psg.v15i2%20especial.94466Résumé
Esta pesquisa investigou o uso do espaço digital por canais multimídia infantis na promoção de práticas participativas com crianças. Para isso, elaboramos um Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 2001) em que analisamos conteúdos transmídia (Fechine et al., 2013) produzidos por dois canais latino-americanos, Gloob (Brasil) e Eureka (Colômbia). O primeiro caso analisado consiste em um conjunto de conteúdos produzidos pelo canal privado Gloob durante a pandemia de Covid-19, sob a hashtag #GLOOBEMCASA. O segundo se refere à análise do programa Mundo Eureka, cocriado e coproduzido pela equipe do canal público Eureka e seu grupo de assessores, composto por crianças e adolescentes. A identificação e análise das práticas participativas levaram em conta as três dimensões de participação midiática classificadas por Carpentier (2011), Acesso, Interação e Participação; e também os níveis de participação infantil elencados por Lansdown (2009), classificados como processos consultivos, processos colaborativos e processos autônomos. Dentre as práticas identificadas no estudo como um todo encontram-se, na dimensão do Acesso, a presença de conteúdos gratuitos que fazem referência a conteúdos pagos; a utilização de plataformas digitais para a distribuição de conteúdos; e a possibilidade de uso de dispositivos móveis com baixa capacidade técnica para acessá-los. Na dimensão da Interação, foram realizadas consultas por meio de postagens e enquetes; jogos e desafios interativos; e o estímulo a brincadeiras que podem ser reproduzidas tanto online quanto offline. Na dimensão da Participação, identificamos a presença de práticas de cocriação e coprodução de programas; iniciativa de educação midiática para produção de conteúdos audiovisuais; e chamadas públicas para envio de obras de arte criadas pelas crianças através de sites. O estudo revelou, em ambos os casos, o emprego de estratégias transmídia de propagação, em que os conteúdos se retroalimentam em redes sociais e plataformas digitais; e de expansão, em que são produzidos conteúdos complementares à mídia principal, explorando diferentes formatos. Observamos, ainda, que os conteúdos transmídia têm sido utilizados como ferramenta publicitária na busca de impulsionar as audiências ao desejo de consumir conteúdos pagos. Pelo exposto, o estudo salienta a importância de acionar e reforçar mecanismos de proteção acerca dos dados pessoais e exposição das crianças nas plataformas digitais, levando em conta seus direitos e bem-estar em relação ao espaço digital (Livingstone, 2016; Organização das Nações Unidas, 2021).
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(c) Tous droits réservés Passagens: Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará 2024
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