Olhares queer sobre o jornalismo
as representações das dissidências sexuais e de gênero no Jornal O POVO
DOI:
https://doi.org/10.36517/psg.v14iesp.85319Abstract
Resumo: Esta dissertação analisa, a partir de um olhar queer sobre a prática discursiva do Jornal O POVO, as representações produzidas sobre as dissidências sexuais e de gênero no jornalismo contemporâneo, a fim de averiguar as concepções produzidas e refletidas nos elementos concretos da linguagem e com isso mensurar até que ponto o periódico, em sua camada informativa e opinativa, contribui para a repetição, conservação, transformação ou ressignificação dos padrões de desigualdade impostos ao conjunto de pessoas que vivem além das margens do código cisgênero e heterossexual. Este estudo parte principalmente dos pressupostos teóricos elaborados pelos Estudos Queer e de Gênero, de acordo com Lauretis (1994), Louro (2000), Butler (2000; 2017; 2019), Preciado (2011) e Bento (2014); dos Estudos do Jornalismo, através especialmente de Tuchman (1999), Traquina (2005) e Silva (2010); e da Análise Crítica do Discurso, tendo como referências as obras de van Leeuwen (1996), Fairclough (2001) e Resende e Ramalho (2011). Por meio de observação tridimensional – texto, prática discursa e prática social – confirmamos a hipótese de que os discursos veiculados no jornal, de forma geral, revestem-se de uma aparência democrática, mas acabam por expressar um padrão impersonalizado e generalizado de apresentação das identidades de resistência ao projeto cisheteronormativo – o que acontece sobretudo na faixa argumentativa do periódico, mas que também é considerável no campo informativo. Apontamos ainda que é recorrente a invisibilização de vozes não-normativas, assim como acontece a passivação e o assujeitamento destas subjetividades na narrativa das editorias mais tradicionais do jornal, entre elas os cadernos Cidades, Política (e suas variações) e Opinião; ao passo que “performatividades” subversivas e insurgentes atravessam a lógica predominante e “transviadam” o setorial de cultura e entretenimento da publicação. Acrescenta-se, por fim, que a lógica de apresentação da pauta reproduz, majoritariamente, o padrão corriqueiro do jornalismo, ou seja, afasta-se de uma discussão elucidativa das dinâmicas que produzem desigualdades relacionadas a gênero e a sexualidade e, também, ainda não é envolvido, predominantemente, por marcadores de regionalidades.
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