“Avaliação acima de tudo”: avaliações externas e o poder de agir de professores // "Assessment Over Everything Else": External Evaluations and Teachers' Power to Act
DOI :
https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024016Mots-clés :
carta ao remetente, Clínica da Atividade, políticas educacionais, trabalho docente, precarização do trabalhoRésumé
A pressão por resultados em avaliações externas tem afetado o trabalho docente ao exigir que os alunos tenham desempenho satisfatório em testes padronizados. Objetivou-se investigar as repercussões das avaliações externas para a saúde de professores de Ciências Humanas (n = 4) das séries finais do Ensino Fundamental. O termo saúde foi definido, a partir da Clínica da Atividade, como a ampliação da capacidade de agir. Foi utilizado o método Carta ao Remetente para construção dos dados. O método propõe elaborar uma carta que conte a história das atividades do trabalhador e o convida a refletir sobre os enunciados produzidos nesta carta. Os professores relataram que eram coagidos a trabalhar os conteúdos exigidos nas avaliações externas, em detrimento de daqueles que não eram aí demandados. Prescrições verticalizadas desprezavam o contexto das escolas. A política de bonificação gerava rivalidades no coletivo de trabalho. A individualização das responsabilidades ia de encontro à natureza do trabalho pedagógico, eminentemente colaborativo. Os professores com vínculos precários tinham menos possibilidades para enfrentar as amputações ao poder de agir que as avaliações externas impunham. Estudos futuros podem analisar o papel dos diretores em uma organização do trabalho que definida em função do atendimento à demanda por resultados em exames gerais e as implicações disso para os docentes.
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