Parteiras tradicionais da Amazônia amapaense: capacitação, incorporação de saber e resistência cultural
Palavras-chave:
Parteiras tradicionais, Capacitação, Incorporação de saber, Resistência culturalResumo
O presente artigo é uma análise socioantropológica que problematiza a questão da capacitação de parteiras tradicionais, discutindo as incorporações de saber médico e resistência cultural na prática de partejar. O estudo compõe-se de uma abordagem qualitativa, com narrativas de 25 parteiras tradicionais, periféricas, remanescentes quilombolas e indígenas, que se configuram como interlocutoras deste estudo e entrevistas com 10 profissionais da área biomédica. As conclusões apontam para as contradições, as conquistas e problematiza o reconhecimento das parteiras tradicionais. Nessa relação, tem-se como conquistas o fato da parteira ser cadastrada em programa estadual; participar dos cursos e treinamentos; receber o diploma, o “kit parteira” e ser incluída no sistema de pagamento da bolsa – elementos de reafirmação identitária e de reconhecimento da legitimidade da parteira. Por outro lado, as contradições se expressam nas tensões entre a ampliação da função social da parteira, que após a capacitação é chamada a intervir na promoção da saúde da mulher, porém sem reconhecimento como trabalhadora da saúde.
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