Parteiras tradicionais da Amazônia amapaense: capacitação, incorporação de saber e resistência cultural
Palabras clave:
Parteiras tradicionais, Capacitação, Incorporação de saber, Resistência culturalResumen
O presente artigo é uma análise socioantropológica que problematiza a questão da capacitação de parteiras tradicionais, discutindo as incorporações de saber médico e resistência cultural na prática de partejar. O estudo compõe-se de uma abordagem qualitativa, com narrativas de 25 parteiras tradicionais, periféricas, remanescentes quilombolas e indígenas, que se configuram como interlocutoras deste estudo e entrevistas com 10 profissionais da área biomédica. As conclusões apontam para as contradições, as conquistas e problematiza o reconhecimento das parteiras tradicionais. Nessa relação, tem-se como conquistas o fato da parteira ser cadastrada em programa estadual; participar dos cursos e treinamentos; receber o diploma, o “kit parteira” e ser incluída no sistema de pagamento da bolsa – elementos de reafirmação identitária e de reconhecimento da legitimidade da parteira. Por outro lado, as contradições se expressam nas tensões entre a ampliação da função social da parteira, que após a capacitação é chamada a intervir na promoção da saúde da mulher, porém sem reconhecimento como trabalhadora da saúde.
Citas
ABREU, Isa Paula Hamouche. Trabalhando com parteiras tradicionais: a experiência do Ministério da Saúde no período de 2000 a 2004. (Pós-graduação em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde) - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
AMAPÁ. Projeto resgate e valorização das parteiras tradicionais do estado do Amapá. Secretaria Estadual de Saúde. Macapá, 1998.
_____. The institucionalizacion SDPA. Amapá: sustentainable in the 21ª century document is produced by the governor of Amapá. Macapá, 1999.
BARROSO, Iraci de C. “Capacitação” de parteiras tradicionais do Amapá: tensões entre incorporação de saber médico e resistência cultural na prática de partejar. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.
_____. Saberes e prática das parteiras tradicionais do Amapá: histórias e memórias. 2001. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Campinas, Campinas, 2001.
BRASIL. Parto e nascimento domiciliar assistidos por parteiras tradicionais: o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais e experiências exemplares. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília, DF, 2012.
_____. Livro da parteira tradicional. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília, DF, 2a edição, 2012. (1a. edição: 2000).
CAPIBERIBE, Janete. Os anjos da floresta. In: JUCA, L.; MOULIN, N. Parindo um mundo novo – Janete Capiberibe e as parteiras do Amapá. São Paulo: Cortez, 2002.
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. São Paulo: UNESP, 2011.
FLEISCHER, Soraya Resende. Parteiras, buchudas e aperreios: uma etnografia do atendimento obstétrico não oficial na cidade de Melgaço, Pará. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
_____. Treinamentos de Deus e treinamentos da terra: parteiras e cursos de capacitação em Melgaço, Pará. Revista Mediações, Londrina, v. 11, n. 2, p. 225- 246, jul./dez. 2006.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
JORDAN, Brigitte. Cosmopolitical obstetrics: some insights from the training of traditional midwives. Soc. Sci. Med., London, v. 28, p. 925-944, 1989.
MARTINS, Heloísa H. T. de S. Metodologia qualitativa de pesquisa. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 289-300, maio/ago. 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Parteiras leigas: uma declaração conjunta. Genebra, 1992.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Parteiras leigas: uma declaração conjunta. OMS/FNUAP/UNICEF. Genebra, 1995.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Assistência ao parto normal: um guia prático. Relatório de um grupo técnico. Genebra, 1996. Disponível em abcdoparto.com.br. Acesso em: acesso em: 6 abril, 2014.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Maternidade segura - Higiene in: Assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra, 2006. Disponível em abcdoparto.com.br. Acesso em: 4 set. 2014.
PINTO, Maria Celeste. Filhas da Mata: práticas e saberes de mulheres quilombolas na Amazônia Tocantina. Belém: Açaí, 2010.
RULLAN, F. O desenvolvimento sustentável no Amapá. Centro de Documentação do Terceiro Mundo, Amapá, 2000.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez Editora, 2006, p. 93-135.
_____. Uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: ‘um discurso sobre as ciências’ revisado. São Paulo: Cortez, 2006b, p. 777-814.
SILVA, Alzira Nogueira da. Pegando vidas nas mãos: um olhar etnográfico sobre os saberes e as práticas das parteiras tradicionais do Amapá. 2005. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
SILVA, Ivanete Amaral. Parteiras tradicionais do Amapá. In: FUJIWARA, L. M.; ALESSIO, N. L. N.; FARAH, M. F. S. (Org.). 20 Experiências de gestão pública e cidadania. São Paulo: Programa Gestão Pública e Cidadania, 1999, p. 3-12.
TORNQUIST, C. S. Parto e poder: o movimento pela humanização do parto no Brasil. 2004. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004, p. 263.
Descargas
Archivos adicionales
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).