Tirania e Humor no País do Homem Cordial
Abstract
Uma panorâmica da história da caricatura brasileira, com ênfase na forma como esta tratou os nossos presidentes, notadamente aqueles que marcaram seus governos por políticas autoritárias ou mesmo tirânicas, é o tema deste artigo. Sua tese central é a de que como arma de crítica aos políticos e à política a caricatura brasileira foi, quase sempre, cordial. No panorama, evidencia-se que o humor foi sempre uma marca da imprensa brasileira e que, se o século XIX teve como principal caricaturista o italiano Ângelo Agostino, a primeira República conheceu o nascimento da verdadeira caricatura brasileira através do traço de J. Carlos, Kalixto e Raul Pederneiras. Cordial, alegre, arejada, a caricatura foi, durante a primeira metade deste século, uma das mais fortes expressões culturais brasileiras. Seus tiranos, para nossa sorte ou azar, jamais assumiram a catadura mais sombria que seria o prêmio natural por suas arbitrariedades.
Hoje, estrategicamente menos importante do que foi no seu apogeu, a caricatura se encontra, no entanto,
estabelecida como uma das formas de expressão da imprensa. Ela se perpetua enquanto quadro obrigatório da pàgina central de quase todos os grandes jornais do país.
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