Furor e Fracasso de uma Ideologia
O Neoliberalismo
Abstract
Meados de dezembro de 1992 e janeiro de 1993. Nesse período. a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) foi palco de um debate sobre o papel do Estado na economia. Resultado: a maioria do empresariado questionou, direta e/ou indiretamente o neoliberalismo. Surpresa? Efetivação da afirmativa de Pero Vaz de Caminha de que "no Brasil em se plantando tudo dá"? Não. Na cobertura do debate, bem como através de várias entrevistas, o jornal Folha de São Paulo concluiu na direção correta. A vitóna de Bill Clinton nos Estados llnidos. a cassação de Collor e alguns discursos de Itamar Franco contribuíram seguramente para a mudança de posição. Mas, para nós, o principal parece ter sido a fragilidade de algumas empresas face à concorrência do capital estrangeiro, ao que, aliás, o referido jornal também faz alusão. Tanto é assim, que já no final de 1991 a FIESP propunha uma política industrial contemplando o mercado interno e a criação de empregos. Revista Veja de 13 de janeiro de 1993, ou seja, mais ou menos na mesma época em que muitos empresários expressaram suas críticas ao neoliberalismo. Flávia Sekles faz uma louvação de seis páginas à Universidade de Chicago, reconhecidamente o principal centro acadêmico de referência do neoliberalismo. Diz ela: ".... a Universidade ele Chicago tornou-se a mais ativa usina de idéias onginais entre todas as instituições acadêmicas do mundo." Como não há indicação de que essa matéria da revista tenha sido paga. o que não diferenciaria muito o seu conteúdo, é de se perguntar se a crítica ao neoliberalismo expressou apenas um descuido ou uma mera idiossincrasia de um setor importante da burguesia brasileira. Ou, se grande parte das pessoas ainda não se deu conta do início do fracasso de mais uma ideologia. Na verdade. o abandono progressivo do neoliberalismo não é somente um caso brasileiro mas algo no mundo todo. A vitória de Bill Clinton é simplesmente um dos vértices da pirâmide, como veremos.
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