Indignação e rotinização
sobre sofrimentos e estratégias para lidar com a violência policial em uma favela pacificada
DOI:
https://doi.org/10.36517/rcs.51.1.a04Resumen
Este texto apresenta uma reflexão acerca das estratégias de moradores de uma favela carioca para lidar com práticas policiais de violência e arbitrariedade em um contexto de pacificação de favelas. A implementação das Unidades de Polícia Pacificadora é importante na medida em que elas representaram e figuraram como um deslocamento da antiga forma de ação da polícia calcada na ideia da guerra para uma nova polícia apoiada na noção de paz, ao menos discursivamente. Considerando esse cenário e a partir de relatos dos moradores sobre episódios de violência policial, discuto como a indignação frente a essas práticas policiais convivem com uma certa naturalização, tanto da exposição permanente a essa violência quanto das estratégias para lidar com ela e se proteger física e emocionalmente.
Citas
DAS, V. Sufrimientos, teodiceas, prácticas disciplinarias y apropiaciones. In, ORTEGA, F. (org.). Veena Das: sujetos del dolor, agentes de dignidade. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. Instituto Pensar, 2008.
DAS, V. Lenguaje y cuerpo: transacciones en la construcción del dolor. In, ORTEGA, F. (org.). Veena Das: sujetos del dolor, agentes de dignidade. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. Instituto Pensar, 2008b.
DAS, V. Fronteiras, violência e o trabalho do tempo: alguns temas wittgensteinianos. Revista Brasi-leira de Ciências Sociais. 14(40), 1999.
BIRMAN, P. Favela é comunidade?. In: Machado, L. Vida Sob Cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
BIRMAN, P.; LEITE, M. (Orgs.). Um mural para a dor: movimentos cívico-religiosos por justi-ça e paz. Brasília: Pronex/CNPq; Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.
BRAZZABENI, M.; PUSSETI, C. Sofrimento Social: idiomas da exclusão e políticas do assistenci-alismo. Etnográfica, Lisboa, 15 (3), 2011.
BUTLER, J. Vida Precaria: el poder del duelo y la violência. Trad. de Fermín Rodríguez. Buenos Aires: Paidós, 2006.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. 18a ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOUCAULT, M. Nascimento da Biopolítica: curso no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade: curso no College de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FRIDMAN, L. C. Delegação de poder discricionário: o sonho de paz. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 7, p. 611-622, 2014.
GONÇALVES, R. Favelas do Rio de Janeiro – História e Direito. Rio de Janeiro: editora Pallas, 2013.
KANT DE LIMA, R.; MISSE. M.; MIRANDA, A. P. Violência, criminalidade, segurança pública e justiça criminal. BIB, Rio de Janeiro, 50, 2000.
LEITE, M. Da “Metáfora da Guerra” ao Projeto de “Pacificação”: favelas e políticas de segurança pública no Rio de Janeiro. Revista de Segurança Pública, 6(2). São Paulo, 2012.
MACHADO DA SILVA, L. Violência Urbana, Segurança Pública e Favelas - o caso do Rio de Ja-neiro atual. Caderno CRH - UFBA (impresso), 23, p. 283-300, 2010.
MACHADO DA SILVA, L. Polícia e Violência Urbana em uma Cidade Brasileira. Etnográfica (Lisboa), 15, p. 67-82, 2011.
MACHADO DA SILVA, L. A.; LEITE, M. (2007). Violência, Crime e Política: o que os favelados dizem quando falam desses temas? Sociedade e Estado, 22(3). Brasília, p. 545-591, 2007.
MENEZES, P. Entre o “fogo cruzado” e o “campo minado”: uma etnografia do processo de “pacifi-cação” de favelas cariocas. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Uni-versidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
MISSE, M. Crime e Pobreza: velhos enfoques, novos problemas. Anais do Seminário Brasil em Perspectiva: Os Anos 1990. Rio de Janeiro, 1993.
MOTTA, L. Como tem sido possível fazer convergir o social e a segurança: notas preliminares de uma etnografia no Centro de Referência da Juventude da Cidade de Deus-RJ. 38° Encontro Anual da ANPOCS. Caxambu, 2014.
OLSALA, J. Violence and the Biopolitics of Modernity. Foucault Studies, 10, 2010.
RODRIGUES, A.; SIQUEIRA, R.; LISSOVSKY, M. Unidades de Policia Pacificadora: debates e reflexões. Comunicação do ISER, 67, 2012.
SECRETARIA DO ESTADO DE ASSSITÊNCIA SOCIALE DIREITOS HUMANOS (SEASDH). (2014). Juventude. Disponível em: http://www.rj.gov.br/web/seasdh/exibeconteudo? article-id=971945. Acesso em: 28 de julho de 2014.
UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA – UPP-RJ. (2014). Unidade de Polícia Pacificadora. Disponível em: http://www.upprj.com. Acesso em: 15 de junho de 2014.
VALLADARES, L. A Invenção da favela. Rio de Janeiro: FGV, 2015.
VIANNA, A. Violência, Estado e Gênero: Entre corpos e corpus entrecruzados. In: Antonio Carlos de Souza LIma; Virgia Garcia-Acosta. (Org.). Margens da Violência: Subsídios ao estudo do pro-blema da violência nos contextos mexicano e brasileiro. Brasília, 2014.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).