O Futuro da Questão Indígena

Autores/as

  • Manuela Carneiro da Cunha Universidade de São Paulo (USP)

Resumen

O futuro dos índios no Brasildependerá de várias opções estratégicas, tanto do Estado Brasileiro e da comunidade internacional quanto das diferentes etnias. Trata-sede parceria. As populações indígenas têm direito a seus territórios por motivos históricos, que foram reconhecidos no Brasilao longo dos séculos. Mas esses direitos não devem ser repensados como um óbice para o resto do Brasil:ao contrário, são um pré-requisito da preservação de uma riqueza ainda inestimada mas crucial, a biodiversidade e os conhecimentos das populações tradicionais sobre as espécies naturais. O que deve se procurar, no interesse de todos, é dar as condições para que esta riqueza não se perca: é por isso irracional querer abrir todas as áreas da Amazônia à exploração indiscriminada. Fazem-seassimconvergir os direitos dos índios com os interesses da sociedade brasileira como um todo.

Biografía del autor/a

Manuela Carneiro da Cunha, Universidade de São Paulo (USP)

Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha é antropóloga, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1976) e graduada em matemática pela Faculté des Sciences de Paris (1967). Fez pós-doutorado na Universidade de Cambridge. Foi professora doutora da Universidade Estadual de Campinas e professora titular da Universidade de São Paulo, onde, após a aposentadoria, continua ativa. Foi full professor da Universidade de Chicago de 1994 a 2009, onde é professora emérita. Foi professora visitante na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, na Universidade Pablo de Olavide, na Universidade de Chicago (antes de ser contratada); no PPGAS do Museu Nacional (UFRJ). Foi titular da cátedra "savoirs contre pauvretés" no Collège de France em 2011-2012. É membro da Academia Brasileira de Ciências, e da Academia de Ciências do terceiro mundo; foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia (1986-88) e representante da comunidade cientifica no CD (conselho deliberative) do CNPq, onde foi bolsista na categoria A1. Atuou como juri dos Programas do Milênio (2001), e fez parte do International Advisory Group (IAG) do Pilot Program to Conserve the Brazilian Rain Forest (PPG-7). Foi indicada em 2014 pelo Governo Brasileiro para compor a Força Tarefa da IPBES (Plataforma Inter-governamental da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). É membro da (ILK Work Force) Força Tarefa de Conhecimentos de Povos Indígenas e Comunidades Locais da IPBES (2014-2019) e General Reviewer do Global Assessment da dessa plataforma (2017-2019). Colabora também na Plataforma Brasileira da Biodiversidade e é membro, desde 2018, do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Recebeu várias distinções, entre as quais a Ordem do Mérito Cientifico na Classe Grã Cruz, a Légion d´honneur da França, a medalha Roquette-Pinto da Associação Brasileira de Antropologia e a medalha da Francofonia da Academia Francesa. Em 2018 recebeu o Prêmio de Excelência Gilberto Velho para Antropologia. Publicou 12 livros, 38 artigos em Periódicos especializados e 32 capítulos em livros, e organizou quatro livros. Seus livros receberam prêmios da ANPOCS, Jabuti e da Biblioteca Nacional. Sua atuação distribui-se pela etnologia, história e direitos dos índios, escravidão negra, etnicidade, conhecimentos tradicionais e teoria antropológica. Entre suas publicações constam os livros "Cultura com aspas"; "Negros, estrangeiros" e "Os mortos e os outros" ; organizou entre outras obras "História dos índios no Brasil" e "Enciclopédia da floresta". Na Universidade de São Paulo, fundou em 1986 o Núcleo de História Indígena e do Indigenismo e dirigiu um projeto temático sobre História I'ndígena. Foi PI (Principal Investigator) de um projeto colaborativo financiado pela Fundação MacArthur (1992-1995) sobre conhecimentos tradicionais no alto rio Jurua, Acre; PI de projeto no CEBRAP financiado pela Fundação Ford sobre Políticas Culturais Indígenas (2009-2014); recebeu encomenda do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (2014-2017) para estabelecer bases de um programa sobre conhecimento indígena, e, recentemente, para construir diagnóstico sobre as contribuições dos povos indígenas e comunidades locais no Brasil para a geração, manutenção ou conservação da biodiversidade e a recuperação de solos e outros serviços ecossistêmicos. Formou mais de 30 mestres e doutores em sua atuação na Unicamp, na USP e na Universidade de Chicago. Faz parte de numerosos conselhos editoriais de revistas científicas.

Publicado

2019-11-29

Cómo citar

da Cunha, M. C. (2019). O Futuro da Questão Indígena. Revista De Ciências Sociais (Revista De Ciencias Sociales), 28(1/2), 105 a 114. Recuperado a partir de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/42806