Educação em Direitos Humanos a partir do contexto da Améfrica Ladina

devemos queimar as estátuas dos filósofos do cânone?

Autores/as

  • Amanda Veloso Garcia IFRJ/Pinheiral
  • Débora Augusto Franco UERJ

DOI:

https://doi.org/10.36517/rcs.54.2.d03

Palabras clave:

Colonialismo; Racismo/Sexismo Epistêmico; Educação em Direitos Humanos.

Resumen

Este artigo tem por objetivo analisar reflexivamente um relato de experiência docente no contexto de uma pós-graduação em Educação em Direitos Humanos (EDH), a partir da disciplina Pedagogias e Formação Docente. Os processos formativos da disciplina partiram do princípio de que a ciência em seu sentido hegemônico está ancorada no positivismo e no reducionismo e tem como cerne o viés do racismo/sexismo epistêmico. Inspiradas por abordagens que emergem no contexto da Améfrica Ladina, mas também pela Análise Institucional Francesa e pelo recurso da perspectiva interseccional, defendemos que ensinar e fazer ciência corresponde a um lugar político e social. Nossas conclusões apontam para uma EDH conectada ao território da Améfrica Ladina, utilizando como “lenha” experiências emergentes dos disparadores dos debates, tais como os temas raça e gênero, e uma postura ética-estética-política de questionamento da tradição ocidental hegemônica.  

Biografía del autor/a

Amanda Veloso Garcia, IFRJ/Pinheiral

Possui Licenciatura (2012), Bacharelado (2014) e Mestrado (2016) em Filosofia e Doutorado (2021) em Educação pela UNESP/Marília. É professora de Filosofia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (campus Pinheiral), atuando em cursos técnicos integrados ao Ensino Médio e na Pós-graduação em Educação em Direitos Humanos. Faz parte do Grupo de Estudo e Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia (ENFILO - UNESP/Marília) desde 2010 e do Grupo Interdisciplinar de Pesquisas e Práticas em Educação (GIPPED - IFRJ/Pinheiral). É coordenadora do NUGEDS - IFRJ/Pinheiral desde julho de 2021 e membro do NEABI - IFRJ/Pinheiral.

Débora Augusto Franco, UERJ

Professora Adjunta do Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Citas

ANDRADE, Érico. Iremos derrubar as estátuas dos filósofos?. Publicado em 16/01/2022. Acesso em junho de 2022. Disponível em: <https://anpof.org/forum/canone--uma-proposta-de-debate/iremos-derrubar-as-estatuas-dos-filosofos2>.
ARROYO, Miguel González. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2012.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e Branquitude no Brasil In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva. (Org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 25-58.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
GONÇALVES, Pedro Augusto Pereira. Crítica da razão racista: a colonialidade do pensamento racial de Kant. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Filosofia, 2018.
GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras. Rio de Janeiro: UCPA Editora, 2018.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, Volume 31, Número 1, Janeiro/Abril 2016.
GROSFOGUEL, Ramón. Para um pluri-versalismo transmoderno decolonial. Tabula Rasa [online]. 2008, n.9, pp.199-216. ISSN 1794-2489.
HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu (5), pp. 07-41. UNICAMP, 1995.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
LOURAU, René. René Lourau na UERJ - 1993 - Análise Institucional e Práticas de Pesquisa. Rio de Janeiro: Eduerj, 2004.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. 5 ed. Belo Horizonte: Autêntica: 2020.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
PAREDES, Julieta. Descolonizar as lutas: a proposta do Feminismo Comunitário. Epistemologias do Sul, v. 3, n. 1, p. 74-87, 2019.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. LANDER, Edgardo (org). Buenos Aires: Conselho Latino-americano de Ciências Sociais - CLACSO, 2005.
SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz; HADDOCK-LOBO, Rafael. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, Quilombos: modos e significados. Brasília: INCTI/UnB, 2015.

Publicado

2023-05-18

Cómo citar

Veloso Garcia, A., & Augusto Franco, D. (2023). Educação em Direitos Humanos a partir do contexto da Améfrica Ladina: devemos queimar as estátuas dos filósofos do cânone?. Revista De Ciências Sociais (Revista De Ciencias Sociales), 54(2), 61–104. https://doi.org/10.36517/rcs.54.2.d03

Número

Sección

Dossiê Políticas Públicas para a Reconstrução