Violência e Relações Sociais

A questão da diferença

Autores

  • Gilberto Velho Museu Nacional/UFRJ

Resumo

Um dos pontos fundamentais sobre a questão da cidadania na sociedade contemporânea é o direito à diferença. Neste sentido, qualquer ação seja do Estado, seja de particulares que viole, reprima este direito implica em um abuso de poder e no estabelecimento de violência nas relações sociais. Esta não precisa, para ser caracterizada, na explicitação do uso da força física embora no Brasil isso seja, como todos sabemos, bastante comum. No entanto, é importante perceber o problema brasileiro dentro do quadro mais amplo da sociedade contemporânea. Sem dúvida é na cidade e, particularmente, na grande metrópole que a heterogeneidade e a multiplicidade de grupos e regiões morais criam condições para a emergência de maior diferenciação de estilos de vida. Por isso mesmo é aí também que surgem com mais frequência os conflitos e choques, diante das dificuldades de coexistência e convivência. O papel do Estado, da burocracia e das diversas agências governamentais deve ser examinado tanto ao nível propriamente administrativo como em termos políticos mais amplos.O esmagamento dos direitos de cidadania tem sido denunciado, por exemplo, nos E. U. A., Inglaterra, Alemanha Ocidental, etc., inclusive por entidades científicas como a Society for the Study of Sochl Problems e a European Society for the Study of Social Prob/ems. A questão das minorias nos E. U .A. e na Inglaterra, a situação irlandesa, o aparato burocrático do Estado Alemão, com seu estreito controle sobre grupos dissidentes tem chamado atenção de que mesmo naquelas sociedades habitualmente identificadas com os princípios do liberalismo e/ou da democracia parlamentar, desenvolvem-se processos em que o Estado, particularmente o Executivo, cresce como entidade todo-poderosa, assumindo suas feições de Leviatã.

Biografia do Autor

Gilberto Velho , Museu Nacional/UFRJ

Graduado em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1968). Mestre em Antropologia Social também pela UFRJ (1970). Especializou-se em Antropologia Urbana e das Sociedades Complexas na Universidade do Texas, em Austin (1971). Doutor em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (1975).

Atuou nas áreas de Antropologia Urbana, Antropologia das Sociedades Complexas e Teoria Antropológica. Além de vários cargos acadêmicos, como coordenador do PPGAS do Museu Nacional e chefe de Departamento de Antropologia, foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia - ABA (1982-84), presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS (1994-96) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1991-93).

Foi membro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1983-93), tendo sido relator do primeiro tombamento de terreiro de candomblé realizado no Brasil - Casa Branca, em Salvador. Foi também membro do Conselho Federal de Cultura (1987-88).

Em 2000 tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2000) e com a Comenda da Ordem de Rio Branco (1999). Foi colaborador e professor visitante em várias universidades brasileiras e estrangeiras. Orientou cerca de 100 dissertações de mestrado e teses de doutorado.[1]

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Publicado

2019-11-21

Como Citar

Velho , G. . (2019). Violência e Relações Sociais : A questão da diferença . Revista De Ciências Sociais, 13(1 e 2), 5–9. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/42758