Educação, cinema e alteridade: a pedagogia sem imagem
Palavras-chave:
Aprendizagem. Bom senso. Cinema. Imagem. Alteridade.Resumo
O objetivo deste artigo é aprofundar algumas linhas de pensamento sugeridas pelas breves e dispersas teses de Bergson sobre a educação, seguindo certas inflexões deleuzianas que se desprendem da crítica à “imagem do pensamento” formulada na conclusão de Proust e os signos (2022), previa à sua sistematização no terceiro capítulo de Diferença e repetição (1988). É verdade que Bergson aparece aqui como um detonador do processo de escrita mais do que como objeto de estudo ou autor principal na abordagem deste artigo. Em um trabalho anterior, justamente, examinamos a noção de aprendizagem, estabelecendo o confronto entre Bergson e Deleuze (Zunino, 2023, p. 195-206). Como resultado desse estudo, notamos que a despeito das aproximações e retomadas deleuzianas do pensamento de Bergson, assumidas como ponto de partida, a aliança entre ambos se desvanece a medida que a filosofia da diferença se afasta de qualquer ato de boa vontade capaz de reviver o bom senso cartesiano ou exaltar o senso comum, como assinalamos inicialmente desde a perspectiva bergsoniana. Para avançar nessa hipótese, propõe-se uma articulação entre aprendizagem e cinema, derivada da pedagogia da imagem esboçada nos estudos deleuzianos: A imagem movimento – Cinema 1(2018a) e A imagem tempo – Cinema 2 (2018b); cujos desdobramentos nos ajudam a compreender aspectos importantes sobre a relação com o outro, com o diferente, abrindo espaço para uma possível prática da alteridade.
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