Foucault e a educação racial do desejo nas tramas do biopoder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95650

Palavras-chave:

Foucault. Biopoder. Racismo. Sexualidade. Educação racial do desejo.

Resumo

Este artigo tem por objetivo atualizar e mobilizar criticamente as formulações foucaultianas sobre as políticas de raça e sexualidade no contexto do mundo moderno/colonial. Em um primeiro momento, apresento as pistas deixadas por Foucault em torno da colocação do sexo em discurso, do biopoder e da articulação entre racismo e sexualidade. Em seguida, dialogo com a releitura que Ann Stoler propõe do pensamento foucaultiano, ao ressituar a história da sexualidade a partir do racismo colonial e ao evidenciar o papel da educação racial do desejo na gestão das fronteiras raciais e sexuais entre colonizadores e colonizados. Por fim, retomo a noção de educação racial do desejo para pensá-la a partir das especificidades de sua formulação no Brasil, destacando as transformações nos discursos sobre a miscigenação, do final do século XIX à segunda metade do século XX, e suas implicações na fabricação de sujeitos brancos e negros.

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Biografia do Autor

Pedro Grabois, Instituto Federal de Educação

Doutor em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).

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Publicado

2025-07-31 — Atualizado em 2025-10-03

Como Citar

Grabois, P. (2025). Foucault e a educação racial do desejo nas tramas do biopoder. Argumentos - Revista De Filosofia, 17(1), 228–250. https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95650

Edição

Seção

Dossiê Foucault: vidas infames e insubmissas

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