Feminismo decolonial latino-americano: perspectivas feministas na construção do pensamento decolonial
DOI:
https://doi.org/10.36517/arf.v17iespecial2.96380Palabras clave:
Feminismo decolonial. Movimento feminista. Mulheres indígenas. Decolonialidade.Resumen
O presente artigo tem como objetivo analisar o feminismo decolonial a partir das experiências históricas e das lutas das mulheres indígenas e camponesas de Abya Yala, evidenciando como seus corpos e suas vozes são atravessados pela dupla violação resultante da colonização europeia e da misoginia. A justificativa para a reflexão encontra-se na necessidade de ampliar os estudos sobre o feminismo decolonial, fundamental para compreender as múltiplas formas de opressão vividas por essas mulheres e para reconhecer a originalidade de suas epistemologias e práticas de resistência. A metodologia consistiu em revisão bibliográfica de autoras como María Galindo, Rita Segato, Lorena Cabnal, Julieta Paredes, Francesca Gargallo e Lia Pinheiro Barbosa, articulando suas contribuições com conceitos desenvolvidos pelo Grupo Modernidade/Colonialidade, como modernidade, colonialidade e decolonialidade. O percurso analítico demonstra que o feminismo decolonial não se reduz à soma entre crítica feminista e crítica decolonial, mas propõe uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental, ao reconhecer que colonização, racismo e misoginia constituem processos imbricados e interdependentes. Evidencia-se que, para as mulheres indígenas, a luta individual e a coletiva são inseparáveis, pois carregam as marcas da violência colonial e da intensificação das desigualdades de gênero provocada pelo patriarcado europeu, que ao se somar ao patriarcado já existente nas comunidades originárias, ampliou as formas de opressão. Nesse sentido, o feminismo decolonial propõe um movimento de retorno às comunidades, à ancestralidade e às cosmovisões originárias, assumindo a territorialidade e a coletividade como fundamentos da resistência. Conclui-se, portanto, que o feminismo decolonial, ao questionar o privilégio epistêmico do feminismo branco e afirmar os saberes situados das mulheres de Abya Yala, contribui para a construção de epistemologias plurais e para o combate à reprodução da colonialidade na produção do conhecimento.
Descargas
Citas
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013.
BARBOSA, Lia Pinheiro. Florescer dos feminismos na luta das mulheres indígenas e camponesas da América Latina. Novos Rumos Sociológicos, Pelotas, v. 7, n. 11, p. 197-231, 2019.
CABNAL, Lorena. Acercamiento a la construcción de la propuesta de pensamiento epistémico de las mujeres indígenas feministas comunitarias de Abya Yala. In: CABNAL, Lorena. Feminismos Diversos: el feminismo comunitario. Guatemala: Acsur, 2010.
CABNAL, Lorena. Tejernos en conciencia para sanar la vida. La Tinta, 21 set. 2020. Disponível em: https://latinta.com.ar/2020/09/21/lorena-cabnal-conciencia-sanar-vida/. Acesso em: 8 set. 2025.
CURIEL, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Ch’ixinakax utxiwa: uma reflexão sobre práticas e discursos descolonizadores. São Paulo: N-1, 2021.
FERNANDES, Luciana Lima. Currículo decolonial e feminista: por uma educação plural, crítica e afetiva. 2023. 159 f. Tese (Doutorado em Educação Brasileira) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
GALINDO, Maria. Feminismos bastardos. La Paz: Mujeres Creando, 2019.
GARGALLO, Francesca Celentani. Feminismos desde Abya Yala: ideas y proposiciones de las mujeres de 607 pueblos en nuestra América. Ciudad de México: Corte y confección, 2014.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
KOROL, Claudia; FLORES, Luiza Dias. Feminismo Comunitário de Iximulew-Guatemala: Diálogos com Lorena Cabnal. Hawò, Goiânia, v. 2, p. 1-29, 2022.
LUGONES, Maria. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adelia. Por uma razão decolonial: desafios ético-político-epistemológicos à cosmovisão moderna. Civitas – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 66-80, 2014.
MIGNOLO, Walter. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. In: CASTRO-GOMES, Santiago; GROSSFOGUEL, Ramon (Coords.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. De por qué es necesario un feminismo descolonial: diferenciación, dominación co-constitutiva de la modernidad occidental y el fin de la política de identidad. Solar, Lima, año 12, v. 12, n. 1, p. 171, 2016.
MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. Homenagem a Maria Lugones. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NN-dflZkCR0. Acesso em: 8 set. 2025.
MOTA NETO, João Colares da. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2016.
PAREDES, Julieta. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade e modernidade/racionalidade. 2005. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/36091067/Anibal-Quijano-Colonialidade-e-Modernidade-Racionalidade. Acesso em: 19 jul. 2021.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos, Marília, 2002, v. 17, n. 37, p. 4-28, 2002.
QUINTERO, Pablo; FIGUEIRA, Patricia; ELIZALDE, Paz Concha. Uma breve história dos estudos decoloniais. Arte e colonialidade: n. 3. São Paulo: MASP Afterall, 2019.
PAREDES, Julieta. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
SEGATO, Rita. Gênero e colonialidade: em busca de uma leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. E-cadernos CES, Coimbra, n. 18, p. 106-131, 2012.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Luciana Lima Fernandes

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
- Los autores mantienen los DERECHOS AUTORALES otorgados a la revista O el Derecho de Primera Publicación, con el trabajo licenciado simultáneamente a Creative Commons License Attribution (CC BY) que permite compartir el trabajo con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Los autores pueden aceptar contratos, distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo: publicación en el repositorio institucional o como capítulo del libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Se permite a los autores publicar y distribuir su trabajo on-line (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) durante el proceso editorial de información de que el artículo está en proceso de publicación. Esto puede aumentar el impacto y cita de trabajos publicados.

SOBRE COPYRIGHT Y POLÍTICA DE ACCESO LIBRE
La revista utiliza la atribución CC BY





._._3.png)
._._._.png)