A função conectiva de [diante de + pronomes]: análise discursiva baseada no uso
DOI :
https://doi.org/10.36517/ep15.96486Mots-clés :
Linguística Funcional Centrada no Uso, Linguística Textual, microconstruções, coesão, anáfora encapsuladoraRésumé
Este artigo tem como objetivo descrever e analisar as microconstruções conectoras instanciadas pelo subesquema [diante de N] formado pela locução prepositiva “diante de” seguida de pronomes demonstrativos e/ou indefinidos, conforme verificado em investigação em andamento, sob uma perspectiva sincrônica. Esse trabalho justifica-se tanto pela lacuna em relação às descrições de conectores não canônicos em língua portuguesa, quanto pela relevância de se compreender os mecanismos linguísticos responsáveis pela organização textual e pela construção da coesão discursiva, especialmente no que se refere ao funcionamento de microconstruções conectoras. A hipótese é que essas microconstruções funcionam como mecanismo de coesão e encapsulamento anafórico de diferentes porções textuais. Para tanto, adotamos uma abordagem funcionalista, fundamentada nos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (Croft, 2001; Traugott e Trousdale, 2021; Bybee, 2016; Rosário, 2022, Rosário e Oliveira, 2016), com aportes da Linguística Textual (Cavalcante e Lima, 2012, Fávero, 2004 e Koch, 2014, 2015, 2018), considerando a língua como uma representação cognitiva da experiência humana, influenciada pelo contexto social e pragmático. Para a realização do objetivo proposto, foi examinada uma amostra de 279 dados extraídos de textos escritos, disponíveis da interface Now do site Corpus do Português. Foram analisados aspectos relacionados à forma e à função, por meio de uma metodologia mista (Lacerda, 2016). Os resultados da pesquisa evidenciam que tais microconstruções atuam como conectores que estabelecem coesão referencial e sequencial, e funcionam como encapsuladores anafóricos. Além disso, estabelecem valores semântico-pragmáticos de conclusão e consequência, características próprias dos conectores associados ao domínio da causalidade (Sweetser, 1990).
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