Micareta e Identidade Cultural

Autores

  • Benoit Gaudin Université de Provence Aix-Marseille

Resumo

Desde os anos 60, a organização dos folguedos populares vem se modemizando e se inserindo numa lógica mercantil. Esse processo chega, a partir dos anos 90,ao ponto de serem criadas (ou re-criadas)festas "fora de época" ou desligadas de suas raízes tradicionais (Micaretas, Oktoberfest, São João, Bois...). No caso dasmicaretas,o interessesociológico vem do sucesso que algumas delas, como o Fortal,conseguem obter junto a segmentos da poputação que não pertencem às classes abastadas. Além do efeito de moda que deu origem a estes eventos, seusucesso estaria ligado também a imagem que conferem ao folião, tanto pipoca como membro do bloco: a de um indivíduo "festeiro", "animadíssimo", "na moda". Essaimagem se contrapõe a imagem tradicional do Nordestino, a do migrante "cabeça-chata" e seria avertente sociocultural do "novo Nordeste" que está sendo, desde os primórdios da década, redescoberto tanto pelo turismo quanto pelasindústrias.À tradicional identidade estigmatizada, as micaretas oferecem umaltemativabastante atraente para a garotada nordestina: uma nova identidade cultural, inspirada no atual modelo camavalesco.

Biografia do Autor

Benoit Gaudin, Université de Provence Aix-Marseille

Doutorando em sociologia na Université de Provence Aix-Marseille, França. Professor Visitante Estrangeiro
na Casa de Cultura Francesa da UFC. Bolsista "Lavoisier" do Ministério dos Assuntos Estrangeiros da França

Downloads

Publicado

2019-11-29

Como Citar

Gaudin, B. (2019). Micareta e Identidade Cultural . Revista De Ciências Sociais, 28(1/2), 127 a 136. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/42808