Marianismo como "culto" da Superioridade Espiritual da Mulher: Algumas indicações da presença deste estereótipo no Brasil
Abstract
O texto que lhes apresento aqui aborda um assunto específico - o marianismo - que é um aspecto importante que se insere no tema mais amplo de minha pesquisa em andamento sobre o masculino e o feminino na Igreja Católica no Brasil, na época contemporânea, mas que pode ainda ter um outro interesse além do puro conhecimento da realidade brasileira a esse respeito, quer dizer, que pode se prestar a comparações internacionais sobre as representações sociais referentes ao feminino no quadro do imaginário religioso católico. No vasto campo de pesquisa que se desenvolve atualmente sobre os modelos simbólicos que têm historicamente "alimentado" a constituição das identidades femininas e masculinas, o marianismo encarado como um estereótipo derivado do culto católico à Virgem Maria, aparece no Brasil, como "a outra face do machismo", como assim considerou Stevens. Para esta autora, o marianismo é um "edifício secular de crenças e de práticas relativas à posição das mulheres na sociedade". Conforme sua definição, "o marianismo é o culto da superioridade espiritual feminina", segundo a qual as mulheres seriam semidivinas, moralmente superiores e espiritualmente mais inferiores que os homens. Por outro lado, ela emprega o termo machismo para designar um modo de orientação que pode ser descrita, em resumo, como "o culto da virilidade", tendo como características: - agressividade, intransigência exagerada nas relações entre homens, e - arrogância e agressão sexual nas relações homens-mulheres...
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