O TRABALHO SEM UTOPIAS: NOVAS CONFIGURAÇÕES PRODUTIVAS E OS TRABALHADORES
Resumen
Os autores analisam o cooperativismo como opção de geração de renda e autonomia de trabalho, tendo como referência empirica a política de organização de cooperativas de produção industrial do governo do Ceará nos anos 90. No contexto, o crescimento do número de cooperativas reflete movimentos distintos. De um lado, dentro da lógica de mercado, a utilização de cooperativas terceirizadas constituem-se em opção de rebaixamento de custos de produção para as empresas pela eliminação de custos com a gestão da força de trabalho. Para os trabalhadores pode significar a manutenção de empregos através da recuperação de empresas falidas ou criação de novos pela organização de cooperativas para atuar em determinados mercados. Para o Estado, ainda, termina por funcionar como política de desenvolvimento e geração de renda. Se desvinculadas de movimentos sociais específicos, pouco resta do ideário cooperativista nessas empresas. Auto-gestão, democracia no trabalho, propriedade coletiva, terminam por perder sentido frente à intensificação do trabalho e a precarização que acarreta. Constituídas, majoritariamente em setores de trabalho intensivo, utilizam trabalhadores desqualificados e sem grandes opções no mercado de trabalho. Inexiste o caráter voluntário nesse tipo de cooperativas, refletindo mais a falta de opção do que uma opção consciente ao trabalho coletivo.
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