Visibilidade e Escrita de Si nos Riscos do Pixo Paulistano

Autores/as

  • Alexandre Barbosa Pereira

Palabras clave:

Pixação, Visibilidade, Risco, Reconhecimento, Espaço Urbano

Resumen

O objetivo deste artigo é, por meio de uma abordagem etnográfica, descrever uma prática cultural juvenil em São Paulo, a pixação, que há tempos explora o paradoxo entre visibilidade e invisibilidade através de sua ação na paisagem urbana. Em meio ao anonimato da metrópole e tentando invisibilizar-se à noite, os pixadores deixam suas marcas, que não são bem-vistas pelo restante da população. Por intermédio da criação de uma rede social off-line, eles estabelecem um dispositivo que lhes proporciona um sistema de reconhecimento que premeia quem pixa nos lugares de maior destaque e risco da cidade. Dessa
forma, conclui-se que quem marca mais a cidade e nela corre mais riscos consegue o reconhecimento dos pares, o que eles denominam como ibope. Afinal, no mundo atual, todos querem ver e serem vistos, buscando, assim, com essa visibilidade, serem reconhecidos e construir algum sentido para a sua existência.

Biografía del autor/a

Alexandre Barbosa Pereira

Doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista. Pesquisador associado ao Núcleo de Antropologia Urbana da USP e ao Grupo de Pesquisas Visuais e Urbanas da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).

Citas

AUBERT, Nicole, HAROCHE, Claudine. Ser visível para existir: a

injunção da visibilidade. In: AUBERT, Nicole; HAROCHE, Claudine

(orgs.) Tiranias da visibilidade: o visível e o invisível nas sociedades

contemporâneas. São Paulo: Fap-Unifesp, 2013. p. 13-29.

AUBERT, Nicole. A visibilidade, um substituto da eternidade? In: AUBERT,

Nicole; HAROCHE, Claudine (orgs.) Tiranias da visibilidade: o visível

e o invisível nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Fap-Unifesp,

p. 111-123.

BARUS-MICHEL, Jacqueline. Uma sociedade das telas. In: AUBERT,

Nicole; HAROCHE, Claudine (orgs.) Tiranias da visibilidade: o visível

e o invisível nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Fap-Unifesp,

p. 33-45.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica.

In Magia e técnica: ensaios sobre literatura e história da cultura. São

Paulo: Brasiliense, 1994. p. 165-196.

CAMPOS, Ricardo. Entre as luzes e as sombras da cidade: visibilidade

e invisibilidade no graffi ti. Etnográfi ca, v. 13, n. 1, p. 145-170, 2009.

CAMPOS, Ricardo. A pixelização dos muros: graffi ti urbano, tecnologias

digitais e cultura visual contemporânea. Revista Famecos: mídia, cultura

e tecnologia, v. 19, n. 2, p. 543-566, mai./ago. 2012.

CAMPOS, Ricardo. Liberta o herói que há em ti. Risco, mérito e transcendência

no universo graffi ti. Tempo Social, v. 25, n. 2, p. 205-225, 2013.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis-RJ: Vozes, 2009.

CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fi ns do sono. São Paulo:

Cosac Naify, 2014.

DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 1992.

DIÓGENES, Glória. Signos urbanos juvenis: rotas da piXação no ciberespaço.

Cadernos de Campo, n. 22, p. 46-61, 2013.

DIÓGENES, Glória. A arte urbana entre ambientes: “dobras” entre a cidade

“material” e o ciberespaço. Etnográfi ca, v. 19, n. 3, p. 537-556, 2015.

FEATHERSTONE, Mike. A vida heróica e a vida quotidiana. Revista

Comunicação e Linguagens, n. 30, p. 11-34, 2001.

FRANCO, Sérgio. Pixação e as aves de rapina. Le Monde Diplomatique

Brasil, Nov/2010. Disponível em: < http://www.diplomatique.org.br/

artigo.php?id=821>. Acesso em: 01 fev. 2016.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo:

Editora 34, 1992.

HAN, Byung-Chul. A sociedade da transparência. Lisboa: Relógio

D’Água, 2012.

HAROCHE, Claudine. A invisibilidade proibida. In: AUBERT, Nicole;

HAROCHE, Claudine. (orgs.) Tiranias da visibilidade: o visível e o invisível

nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Fap-Unifesp, 2013. p. 85-110.

INGOLD, Tim. Lines: a brief history. London: Routledge, 2007.

IVSON, Djan. Entrevista de Djan, São Paulo. Derivas e memórias contemporâneas

na “Pixação”, Salvador, UFBA (Universidade Federal da

Bahia), 2013.

KLEIMAN, Angela. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização

na escola. In: KLEIMAN, Angela (org.). Os signifi cados do letramento:

uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP:

Mercado de Letras, 1995. p. 15-61.

LE BRETON, David. O risco deliberado: sobre o sofrimento dos adolescentes.

Política & Trabalho, Revista de Ciências Sociais, n. 37, p.

-44, out. 2012.

LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora da

UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), 1999.

MAGNANI, José Guilherme. De perto e de dentro: notas para uma

etnografi a urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49,

p. 11-29, 2002.

MAYOL, Pierre. Morar. In: CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL,

Pierre (orgs.). A invenção do cotidiano: morar, cozinhar. Petrópolis-RJ:

Vozes, 1998. p. 37-185.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do

homem. São Paulo: Cultrix, 2005.

PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro.

São Paulo: Paz e Terra, 2000.

PEREIRA, Alexandre Barbosa. “De ‘rolê’ pela cidade: os ‘pixadores’ em

São Paulo”. São Paulo: dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofi a,

Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo (FFLCH/USP),

PEREIRA, Alexandre Barbosa. “A maior zoeira”: experiências juvenis

na periferia de São Paulo”. São Paulo: tese de Doutorado, Faculdade

de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo

(FFLCH/USP), 2010.

PEREIRA, Alexandre Barbosa. “Quem não é visto, não é lembrado”:

sociabilidade, escrita, visibilidade e memória na São Paulo da pixação.

Cadernos de Arte e Antropologia, v. 1, p. 55-69, 2012. Disponível em:

< https://cadernosaa.revues.org/631>. Acesso em: 01 fev. 2016.

PEREIRA, Alexandre Barbosa. Funk ostentação em São Paulo: imaginação,

consumo e novas tecnologias da informação e da comunicação.

Revista de Estudos Culturais, n. 1, p. 1-18, 2014.

PEREIRA, Alexandre Barbosa. Os “rolezinhos” nos centros comerciais de

São Paulo: juventude, medo e preconceito. Revista Latinoamericana de

Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, v. 4, n. 1, p. 453-465, jan./jun. 2016.

POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro:

Graphia, 1999.

RANCIÈRE, Jacques. O destino das imagens. Rio de Janeiro: Contraponto,

SENNETT, Richard. O declínio o homem público. Rio de Janeiro: Record,

SIBILIA, Paula. Do homo psico-lógico ao homo tecno-lógico: a crise

da interioridade. Revista Semiosfera – identidades e culturas, Rio de

Janeiro, n. 7, 2004.

SIBILIA, Paula. La espectacularización del yo. El monitor de la Educación,

Buenos Aires, Ministerio de Educación de la Nación, n. 18, p.

-40, set. 2008.

SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito. Mana, v. 11,

n. 2, p. 577-591, 2005.

STREET. Brian. Introduction. In: _______. (org.). Literacy and development:

ethnographic perspectives. London e New York: Routledge,

p. 1-17.

TARDE, Gabriel. A opinião e as massas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Revista

Discurso, São Paulo, n. 9, p. 31-62, 1979.

VIRILIO, Paul. O espaço crítico. São Paulo: Editora 34, 1993.

WELLS, Herbert. O homem invisível. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1985.

Publicado

2016-10-27

Cómo citar

Barbosa Pereira, A. (2016). Visibilidade e Escrita de Si nos Riscos do Pixo Paulistano. Revista De Ciências Sociais (Revista De Ciencias Sociales), 47(1), 77–100. Recuperado a partir de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/5679