Lutando pela terra

índios e posseiros na Amazônia Legal

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Resumo

No Brasil, o lavrador que trabalha na terra sem possuir nenhum título legal, nenhum documento reconhecido legalmente e registrado em cartório que o defina como proprietário, é classificado como ocupante da terra, nos censos oficiais, ou como posseiro, na linguagem comum. O posseiro não deve ser confundido com o agregado, figura que vai desaparecendo do nosso mundo rural: este é o homem que mora na propriedade de um grande fazendeiro, com direito de fazer sua roça e com a obrigação de prestar serviços ao proprietário, como trabalhador ou como capanga. Não deve, também, ser confundido com o arrendatário ou com o parceiro: essas são pessoas que pagam renda em dinheiro ou espécie ao proprietário em troca do direito de fazer suas lavouras. Menos ainda deve ser confundido com o "grileiro", uma figura que se tornou muito comum na história rural brasileira nos últimos cem anos aproximadamente: esse é o homem que se assenhoreia de uma terra que não é sua, sabendo que não tem direito a ela, e, através de meios excusos, suborno e falsificação de documentos, obtém finalmente os papéis oficiais que o habilitam a vender a terra a fazendeiros e empresários. Em outro trabalho, tive oportunidade de mostrar que o "grileiro" é um autêntico traficante de terras que surge historicamente quando termina o tráfico negreiro para o Brasil e cessam, portanto, as atividades dos traficantes de escravos...

Biografia do Autor

José de Souza Martins, Universidade de São Paulo (USP)

Curso de graduação em Ciências Sociais (Bacharelado e licenciatura) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1964), mestrado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1966) e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1970). Atualmente é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo. Professor-visitante da University of Florida (1983). Fellow de Trinity Hall e Professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge (1993-1994). Professor-visitante da Universidade de Lisboa (2000). Membro da Junta de Curadores do Fundo Voluntário da ONU contra as Formas Contemporâneas de Escravidão, de 1998 a 2007. Sociólogo, com docência e produção científica em Sociologia da Fronteira, Sociologia dos Movimentos Sociais, Sociologia da Violência, Sociologia da Vida Cotidiana, Sociologia Visual. Tem feito pesquisas e escrito sobre a questão agrária, sobre fotografia, sobre o subúrbio e sobre comportamento coletivo. Membro do Conselho Superior da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Prêmio Florestan Fernandes (Sociedade Brasileira de Sociologia, 2007). Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Representante da Fapesp no Conselho Universitário da UNESP - Universidade Estadual Paulista e no Conselho Curador da UNIVESP - Universidade Virtual do Estado de S. Paulo. Professor Honoris Causa da Universidade Federal de Viçosa (MG), 2013. Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba, 2013, Doutor Honoris Causa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP), 2014. Pesquisador Emérito do CNPq 2019; Eleito para a Cadeira nº 22 da Academia Paulista de Letras, em 11 de junho de 2015.

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Publicado

2019-11-04

Como Citar

Martins, J. de S. (2019). Lutando pela terra: índios e posseiros na Amazônia Legal. Revista De Ciências Sociais, 11(1 e 2), 7–27. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/42624