“Madrinhas”, “cunhadas”, “irmãs” e “peregrinas”
o encarceramento de mulheres e as dinâmicas do Primeiro Comando da Capital (PCC)
DOI:
https://doi.org/10.36517/rcs.53.3.d04Palavras-chave:
Encarceramento de Mulheres. Gênero. Primeiro Comando da CapitalResumo
O presente artigo é fruto da pesquisa de doutorado que teve como objetivo compreender a estrutura e o funcionamento do Primeiro Comando da Capital - PCC em três diferentes penitenciárias femininas localizadas no estado de São Paulo. Através da realização de trinta e cinco entrevistas com mulheres, sapatões, homens e mulheres transexuais, agentes penitenciários e visitantes das unidades prisionais, a investigação buscou analisar se os procederes do PCC, construídos a partir da hegemonia masculina, quando acionados no cotidiano das penitenciárias femininas, acabam por intensificar a opressão e ou a violência ou se conferem um caráter de representação e de legitimidade na defesa de direitos da população de mulheres presas.A pesquisa buscou ainda verificar como as relações são instituídas ou negociadas, a partir das posições ocupadas por irmãs, cunhadas e guerreiras e como são estabelecidas as relações com os membros do sexo masculino do PCC, os irmãos. A análise também versou a respeito dos batismos, punições e dos interditos para o batismo, principalmente no que diz respeito à orientação do afeto e da sexualidade, com o objetivo de compreender os impactos no cotidiano das prisões. Nas considerações finais o presente artigo aponta que ainda que muitas mulheres apresentem resistências ao PCC, o Comando se consolidou nos pavilhões das unidades penitenciárias femininas, realizando junto ao Estado a gestão das dinâmicas e do cotidiano nas penitenciárias femininas no estado de São Paulo.
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