Foucault e a educação racial do desejo nas tramas do biopoder
DOI:
https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95650Palavras-chave:
Foucault. Biopoder. Racismo. Sexualidade. Educação racial do desejo.Resumo
Este artigo tem por objetivo atualizar e mobilizar criticamente as formulações foucaultianas sobre as políticas de raça e sexualidade no contexto do mundo moderno/colonial. Em um primeiro momento, apresento as pistas deixadas por Foucault em torno da colocação do sexo em discurso, do biopoder e da articulação entre racismo e sexualidade. Em seguida, dialogo com a releitura que Ann Stoler propõe do pensamento foucaultiano, ao ressituar a história da sexualidade a partir do racismo colonial e ao evidenciar o papel da educação racial do desejo na gestão das fronteiras raciais e sexuais entre colonizadores e colonizados. Por fim, retomo a noção de educação racial do desejo para pensá-la a partir das especificidades de sua formulação no Brasil, destacando as transformações nos discursos sobre a miscigenação, do final do século XIX à segunda metade do século XX, e suas implicações na fabricação de sujeitos brancos e negros.
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