Foucault e o novo cinema do Recife: crítica do dispositivo da sexualidade e novas formas de vida em comum
DOI:
https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95421Palavras-chave:
Foucault. Cinema. Dispositivo da sexualidade. Estética da existência. Novas formas de vida.Resumo
O texto estabelece um diálogo entre as noções foucaultianas de dispositivo da sexualidade, heterotopia e parresia cínica e dois filmes do novo cinema de Recife, Febre do Rato, de Claudio Assis (2011), e Tatuagem, de Hilton Lacerda (2012). Trata-se de recorrer à obra foucaultiana para compreender certos aspectos centrais daqueles dois filmes, bem como de recorrer aos filmes para testar a hipótese de que as análises derradeiras de Foucault sobre a estética da existência dos cínicos constituiriam um contraponto crítico à sua anterior discussão dos processos de captura de corpos e de condutas sexuais pelo moderno dispositivo da sexualidade na modernidade. Os dois filmes parecem conferir plausibilidade àquela hipótese, pois são exemplos de manifestação corajosa de uma vida-outra e de uma verdade que se opõem aos mecanismos modernos de disciplinamento e governamento de corpos e de condutas sexuais. Enquanto espaços comunitários heterotópicos que conferem centralidade aos corpos e prazeres, os dois filmes ainda nos permitem compreender o contra-poder de movimentos minoritários de inspiração queer.
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