Os usos discursivos de 'aunque' no espanhol peninsular
DOI:
https://doi.org/10.36517/ep15.95840Palavras-chave:
Gramática Discursivo-Funcional, linguística textual, conectivo aunque, descontinuidade tópicaResumo
Embora seja tradicionalmente apresentado como um conectivo concessivo que une orações em uma relação de contra-expectativa, um levantamento dos usos de aunque em dados reais revela que esse conectivo pode atuar como marcador discursivo, unindo porções textuais maiores que a oração. Desse modo, o presente trabalho objetiva descrever os usos discursivos de aunque em dados do espanhol peninsular falado e escrito. Para tanto, adota-se o modelo teórico da Gramática Discursivo-Funcional (GDF), cuja arquitetura, organizada em níveis e camadas hierárquicos, considera a pragmática como componente mais abrangente, a partir do qual a semântica, a morfossintaxe e a fonologia são descritas. Aliada à GDF, considera-se também os conceitos da Linguística Textual trabalhados em Jubran (2006a, 2006b) a respeito da noção de tópico discursivo. O levantamento dos dados faz uso de entrevistas sociolinguísticas extraídas do Projeto PRESEEA (Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español de España y de América), representativo da modalidade falada, e de uma coletânea de editoriais publicados on-line pelo jornal El País. A análise dos dados revela que o conectivo aunque pode atuar discursivamente para marcar descontinuidade tópica, seja por meio de ruptura ou de cisão tópica. Neste último caso, o conectivo aunque é utilizado tanto para introduzir inserções como parênteses a um discurso em andamento.
Downloads
Referências
ALARCOS LLORACH, E. Gramática de la Lengua Española. Madrid: Espasa, 1999.
CUNHA, C; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008.
DECAT, M. B. N. Por uma abordagem da (in)dependência de cláusulas à luz da noção de “unidade informacional”. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 23-38, jan/jun. 1999.
EBERENZ, R. Castellano antiguo y español moderno: reflexiones sobre la periodización en la historia de la lengua. Revista de Filología Española, Madrid, v. LXXI, n. 1/2, p. 79-106, 1991. http://xn--revistadefilologiaespaola-uoc.revistas.csic.es/index.php/rfe/article/viewArticle/652.
GARCIA, T. S. As relações concessivas no português falado sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional. 2010. 176 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2010.
GILI GAYA, S. Curso superior de sintaxis española. 15.ed. Barcelona: Vox, 2000.
HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Cohesion in English. London: Longman, 1976.
HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar: a typologically-based theory of language structure. Oxford: Oxford University Press, 2008.
HENGEVELD, K. MACKENZIE, J. L. Alinhamento interpessoal, representacional e morfossintático na Gramática Discursivo-Funcional. DELTA, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 181-208, 2009. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010244502009000100007&lng=en&nrm=iso.
JUBRAN, C. C. A. S. Tópico discursivo. In: JUBRAN, C. C. A. S. (org.) Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, v. 1: construção do texto falado, 2006a. p. 89-132.
JUBRAN, C. C. A. S. Parentetização. In: JUBRAN, C. C. A. S. (org.) Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, v. 1: construção do texto falado, 2006b. p. 301-357.
KEIZER, E. A Functional Discourse Grammar for English. Oxford Textbooks in Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2015.
KROON, C. Discourse markers, discourse structure and Functional Grammar. In: CONNOLLY, J. et al (ed.). Discourse and pragmatics in functional grammar. Berlin: Mouton de Gruyter, 1997. p. 17-32.
MORENO FERNÁNDEZ, F. Marcas y etiquetas mínimas obligatorias para materiales de PRESEEA. Alcalá de Henares: Editorial Universidad de Alcalá, 2021.https://preseea.uah.es/sites/default/files/2022-02/Marcas%20y%20etiquetas%20m%C3%ADnimas%20obligatorias%20para%20materiales%20de%20PRESEEA_Moreno%20Fern%C3%A1ndez%20%282021%29.pdf
NEVES, M. H. M. As construções concessivas. In: NEVES, M. H. M. (org.). Gramática do português falado. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP; Campinas: Editora da UNICAMP, v. 7: Novos estudos, 1999. p. 545-591.
NEVES, M. H. M.; BRAGA, M. L.; DALL’AGLIO HATTNHER, M. M. As construções hipotáticas. In: ILARI, R.; NEVES, M. H. M. (org.); CASTILHO, A. T. (coord.). Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, v. 2: Classes de palavras e processos de construção, 2008. p. 937-1015.
PARRA, B. G. G. Uma investigação discursivo-funcional das orações concessivas introduzidas por aunque em dados do espanhol peninsular. 2016. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2016.
PARRA-ARAUJO, B. G. G. A trajetória de gramaticalização dos juntores concessivos aunque, a pesar de (que) e por mucho (que) no espanhol peninsular. 2020. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2020.
PRESEEA. Corpus del Proyecto para el estudio sociolingüístico del español de España y de América. Alcalá de Henares: Universidad de Alcalá. 2014 -. http://preseea.uah.es
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Beatriz Goaveia Garcia Parra Araujo , Sandra Denise Gaspatini Bastos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Todos artigos são publicados sob os termos da licença Creative Commons Attribution (CC BY NC 4.0). Sob esta licença, os autores mantêm a propriedade dos direitos autorais de seu conteúdo, mas permitem que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e, embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.
