Edição Atual

v. 11 n. 2 (2023): ESTUDOS EM LINGUÍSTICA APLICADA
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Este número semestral da revista eletrônica do Geppele encerra as edições referentes ao ano de 2023. Com temática livre, esta edição brinda o seu leitor com artigos sobre questões diversas, relacionadas ao ensino de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) e, ainda, com um texto na área da Sociolinguística Educacional, mais especificamente, no que tange ao ensino do voseo, considerando as variedades da Língua Espanhola.

Compõem esta edição artigos de autoria de pesquisadores e alunos dos Cursos de Letras-Espanhol (diurno e noturno) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Há, ainda, um artigo de uma aluna egressa do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará (UFC). O primeiro artigo, de autoria de Adelmo Nascimento Souza e Valdecy de Oliveira Pontes, é um relato de experiência, no âmbito do Programa de Residência Pedagógica (PRP) de Espanhol da UFC. No texto, os autores explicitam suas características e etapas, em especial, a proposta de intervenção de um minicurso intitulado: “Español en Casa", que propiciou o ensino de Espanhol como Língua Estrangeira a alunos do Ensino Médio, no contexto pandêmico, desenvolvido em uma escola pública profissionalizante. Para a realização do trabalho, os autores tomaram como referência as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - OCNEM (BRASIL, 2006), as contribuições de Pimenta e Lima (2010) e de Almeida Filho (1993). À guisa de conclusão, os autores destacam a importância do Programa de Residência Pedagógica para a formação do professor e para a escola-campo que recebe o projeto, posto que fortalece a construção integral do futuro professor de E/LE, colaborando com a sua formação cidadã.

O segundo artigo, de autoria de Alicia Rocha Martins e Maria Valdênia Falcão do Nascimento, traz um relato de experiência de outro projeto da residência pedagógica da Língua Espanhola em uma escola pública de Fortaleza. Nele, as autoras refletem sobre a utilização de materiais didáticos de Espanhol para alunos com deficiência visual (DV) e sobre a importância desses materiais para uma aprendizagem eficaz do espanhol como língua estrangeira. Através da análise de propostas didáticas aplicadas em aula, com materiais em Braille e com audiodescrição, discutem como esses tipos de recursos podem influenciar na eficácia do processo de ensino e aprendizagem. Por fim, as autoras concluem que ainda precisamos continuar buscando formas de quebrar as barreiras, que os alunos com deficiência enfrentam na escola.

O terceiro artigo, de autoria de Daniel da Silva Ramos Araújo e Valdecy de Oliveira Pontes, apresenta propostas didáticas aos professores de Espanhol do Ensino Médio no Brasil, para que possam introduzir os alunos nas diversas variedades do "voseo" na América, como o "voseo" argentino e chileno, por exemplo, e suas respectivas particularidades. Além disso, sugerem trabalhar com o cinema, pois conforme Vizcaíno (2007), o cinema pode ser uma ferramenta de trabalho facilmente incorporada a qualquer tipo de metodologia, permitindo que o professor trabalhe de maneira motivadora e criativa, com variedade de temas e situações autênticas de linguagem. Para os autores, estas propostas didáticas serão úteis para fomentar a consciência do aluno em relação à diversidade linguística, conforme sugerido pelas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - OCNEM (Brasil, 2006) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM (Brasil, 2000). Como contribuição teórica desse trabalho, utilizam a perspectiva da Sociolinguística de William Labov (1966, 2001, 2008) e da Sociolinguística Educacional, com as pesquisas de Pontes (2012), Pontes e Francis (2014), Pontes e Brasil (2017), Pontes e Coan (2013). Em relação ao "voseo" na Argentina e no Chile, explicitam os estudos de Carricaburro (1997, 2010, 2015), Félix Morales (1972-1973), Malmberg (1974), Torrejón (1989), Rincón (2009), Couto e Kulikovski (2011).

O quarto artigo, de autoria de Evenildo Queiroz Santiago, Valdecy de Oliveira Pontes e Wygner Mendes da Silva, é fruto de uma análise sobre a abordagem das categorias verbais Tempo e Aspecto, por parte da coleção didática “Vente”. Os autores objetivam averiguar como as categorias verbais, no ensino dos pretéritos simples (PPS) e composto (PPC) do modo indicativo, são exploradas no ensino de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) e, ademais, colaborar com a elaboração e avaliação dos materiais de Língua Espanhola. Para o estudo das categorias verbais Tempo e Aspecto no PPC e PPS em Língua Espanhola, os autores retomam os estudos de Pontes (2009, 2012), Gómez Torrego (2002), Ilari (2001), Gutiérrez Araus (1997), Godoi (2001), Comrie (1985) e García Fernández (2008). Para a análise dos dados, consideram as seguintes questões: a) variedades do PPC e PPS no Espanhol em distintos contextos; b) marcação do tempo por verbos, advérbios ou contexto; c) o tratamento do Aspecto; e d) traços aspectuais. Ao fim da análise, os autores concluem que o material didático examinado apresenta uma abordagem superficial em relação ao tratamento das categorias verbais Tempo e Aspecto, no ensino do Pretérito Perfeito Composto e do Pretérito Perfeito Simples.

O quinto artigo, de autoria de Fernanda Almeida Freitas e Valdecy de Oliveira Pontes, apresenta uma análise do tratamento dado ao pluricentrismo normativo da Língua Espanhola nas unidades didáticas e nas orientações teórico-metodológicas da coleção Entre Líneas. Este estudo adota fundamentos da glotopolítica (MILROY, 2011; DEL VALLE, 2005; LAGARES, 2018) e parte de orientações dadas pelo Plano curricular do Instituto Cervantes para o ensino de ELE. A análise dos dados toma como pressupostos teóricos a Teoria da Variação e da Mudança linguística (Weinreich, Labov, Herzog, 2006; Labov, 2008) e as reflexões de linguistas hispânicos e brasileiros sobre o tema, como como Lipski (1996), Bortoni-Ricardo (2004, 2005), Silva-Corvalán (2001), Blas Arroyo (2005), Andión Herrero (2013, 2019), Faraco (2008), Pontes (2014), Pereira, Pontes e Souza (2016), Calderón Campos (2010) e Bagno (2002, 2007). Os resultados apontam para uma predominância do trabalho pedagógico, da coleção sob análise, com as variantes linguísticas próprias da norma-padrão madrilenha e para a ausência de suporte didático sobre o ensino da variação linguística nas orientações teórico-metodológicas dadas ao professor.

Ao publicarmos mais esta edição, desejamos que a leitura dos artigos deste dossiê atemático contribua para a divulgação e realização de pesquisas no âmbito da Língua Espanhola, considerando as suas especificidades e as múltiplas perspectivas das áreas da Linguística Aplicada e da Sociolinguística Educacional. Por último, reiteramos o nosso agradecimento aos autores e aos avaliadores que contribuíram para a realização desta edição.

 

A Comissão Organizadora

 

Maria Valdênia Falcão do Nascimento (UFC)

 

Valdecy de Oliveira Pontes (UFC)

 

Raphael Chaves (UFC)

Publicado: 2023-12-18

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