A PERMANÊNCIA DAS DESIGUALDADES DE SEXO NA FORMAÇÃO DE TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO NO BRASIL

Autores

  • Liliane Bordignon Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.29148/labor.v1i18.31519

Palavras-chave:

técnico, divisão sexual do trabalho, educação, Techinical training, gender division of labor, education,

Resumo

RESUMO

O artigo analisa a participação de mulheres em cursos técnicos de nível médio no Brasil a partir de estatísticas educacionais extraídas do Censo Escolar MEC/INEP (2011-2013). Parte-se do pressuposto de que no Brasil as barreiras jurídicas e políticas que impediam as mulheres de frequentarem cursos profissionalizantes ou mesmo de se escolarizar já não são a causa da desigual participação de ambos os sexos em cursos técnicos de nível médio como mecânica, mecatrônica, eletroeletrônica, etc. A profissionalização está aberta juridicamente à “livre escolha” dos indivíduos e muito já se avançou quanto a escolarização das mulheres no ensino técnico, principalmente nas últimas quatro décadas. No entanto, a baixa frequência de mulheres em cursos tradicionais permanece e mostra a latência da desigualdade de sexo na formação profissional. A análise dos dados extraídos do Censo Escolar mostra  a permanência das desigualdades de sexo nos cursos técnicos tradicionais (mecânica, eletroeletrônica, etc.) e contribuem para a elaboração de um quadro sobre a presença das mulheres no ensino técnico. As diferentes escolhas profissionais parecem ser orientadas pela posição das distintas carreiras na hierarquia do trabalho, historicamente classificadas entre “femininas” e “masculinas” e estão relacionadas aos “papéis” que cada sexo assume na família e na sociedade.

 

ABSTRACT

The paper analyzes the participation of women in technical courses in Brazil using data from the official education statistics (School Census MEC/INEP – 2011-2013). The assumption was that the Brazilian legal and political barriers that usually difficult women to attend to professionalizing courses or to be educated are not actually the cause of the gender inequality found in technical courses such as mechanics, mechatronics, and electroelectronics. The professionalization is legally open for the “free choice” of individuals, and much has been achieved in relation to women’s education in technical courses, mainly in the last four decades. However, there is still a low frequency of women in these technical courses, which shows the latency of gender inequality in professional education. The analysis of the data from the School Census shows that gender inequality remains present nowadays in traditional technical courses (e.g., mechanics, mechatronics, and electroelectronics) and contributed to develop a picture on the presence of women in technical courses. Different professional choices are, in general, leaded by the different positions of professional careers in the world, which are historically classified as “feminine” and “masculine”, based on the “roles” of each gender in a family unit or in the society.

Biografia do Autor

Liliane Bordignon, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Educação da FE - Unicamp (2015). Graduada em Pedagogia (2010) e Mestre em Educação (2013) pela Faculdade de Educação - Unicamp. Bacharel em Ciências Sociais (2015) pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Unicamp. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Diferenciação Sociocultural (GEPEDISC/FE/UNICAMP). Trabalha principalmente nos seguintes temas: trabalho, educação e gênero; formação e qualificação profissional.

Referências

ABRAMO, Laís. Inserção das mulheres no mercado de trabalho na América Latina: uma força de trabalho secundária? In: HIRATA, H. e SEGNINI, L. Organização, trabalho e gênero. São Paulo: SENAC/SP, 2007.

BRUSCHINI, C. e LOMBARI, M.R.. Trabalho, educação e rendimentos das mulheres no Brasil em anos recentes. In: HIRATA, H. e SEGNINI, L. Organização, trabalho e gênero. São Paulo: SENAC/SP, 2007.

CUNHA, Luiz Antônio. O ensino dos ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: UNESP; Brasília: FLACSO, 2000.

HIRATA, Helena. A precarização e a divisão internacional e sexual do trabalho. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, nº 21, jan./jun. 2009, p. 24-41.

KERGOAT, Danièle e Helena, HIRATA. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, set./dez. 2007, p. 595-609.

LOMBARDI, M.R. Perseverança e resistência: a engenharia como profissão feminina. Campinas/SP, 2004. Tese de doutorado.

MANDALOZZO, Regina; MARTIN, Sérgio e SHIRATORI, Ludmila. Participação no Trabalho doméstico: homens e mulheres têm condições iguais? Estudos Feministas, Porto Alegre, 18(2), maio/ago, 2010.

MARUANI, M. e HIRATA, H. As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: Senac SP, 2003.

MORENO, Montserrat. Como se ensino a ser menina: o sexismo na escola. São Paulo: Moderna, 1999.

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

BORDIGNON, Liliane. A PERMANÊNCIA DAS DESIGUALDADES DE SEXO NA FORMAÇÃO DE TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO NO BRASIL. Revista Labor, [S. l.], v. 1, n. 18, p. 16–30, 2017. DOI: 10.29148/labor.v1i18.31519. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/labor/article/view/31519. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.