A prática de CEOs experientes: Líderes relacionais enfrentando situações de crise
DOI:
https://doi.org/10.19094/contextus.2024.91199Palavras-chave:
teoria da liderança relacional, relações multilaterais, solidão do poder, crises organizacionais, CEOsResumo
Contextualização: A maioria dos estudos sobre liderança foca no papel do líder, buscando entender o estilo de comportamento mais adequado para liderar, considerando a liderança um fenômeno unilateral. Com isso, acabam negligenciando alguns papeis importantes dos liderados, como por exemplo, a relação recíproca entre líderes e liderados e a influência das organizações nessa relação. Passar do entendimento de uma liderança tradicional para uma Liderança Relacional torna-se, portanto, um passo importante para o entendimento do fenômeno da liderança.
Objetivo: Este artigo analisa como CEOs bem-sucedidos e experientes, que lideram grandes organizações percebem a influência da Liderança Relacional para superar momentos de crise organizacional e pessoal.
Método: Na pesquisa qualitativa, entrevistas semiestruturadas foram feitas com 12 CEOs (9 homens e 3 mulheres com 60 anos em média) que vem liderando empresas de grande porte no Brasil e no exterior por mais de 30 anos.
Resultados: Os resultados mostram que os CEOs consideram a liderança relacional como essencial quando enfrentaram crises econômicas, políticas e pessoais. As práticas dos CEOs estão relacionadas com a Teoria da Liderança Relacional: 1) relação multilateral; 2) construção social humanista; 3) relacionamentos baseados na confiança; 4) dimensão coletiva; 5) comunicação para impulsionar melhores decisões. Estas práticas também foram identificadas como antídotos contra a solidão do poder inerente ao cargo de CEO.
Conclusões: CEOs de sucesso, com longa trajetória liderando corporações, percebem a forte influência positiva da Liderança Relacional para enfrentar crises com efetividade. Assim, este estudo traz importantes implicações teóricas ao apontar a Liderança Relacional como eficaz em situações de crise, uma vez que a literatura relaciona efetividade na crise com a Liderança Transformacional.
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